segunda-feira, 1 de abril de 2019

Criacionismo x Evolucionismo

Por Εριβαν Σιλβα* [Erivan Silva]

A disputa entre criacionismo e evolucionismo não é de hoje. Remontam a sua figura mais significativa, Charles Darwin (1809-1882).Também não pode ser considerada uma disputa no sentido tradicional que damos ao termo, simplesmente por uma ser científica e outra não. Assim sendo, narrativa mitológica não se equivale a ciência, assim como opinião não é o mesmo que argumento. Uma tentativa de contrapor as duas alternativas é desnecessária, ainda assim, me dei ao trabalho por dois motivos básicos: 1) responder a quatro questões levantadas no curso de psicologia, e 2) mostrar ao leitor que mesmo sendo refutada pela ciência o criacionismo respira através de uma vasto material produzido tendenciosamente por meio de acadêmicos comprometidos primeiramente com sua fé. De posse dessa fé inabalável chamam de ciência aquilo que é convicção; são donos de uma apologética estranha e defendem os conceitos mais bizarros possíveis (ou impossíveis já que Deus é o Deus do impossível). Entendo que o material produzido por esses cientistas (teístas) atrapalham e muito a real pesquisa. O objetivo deste texto, por outro lado, não é ridicularizar a fé alheia. Como Espinoza, afirmamos "tenho me esforçado sempre para não ridicularizar, não deplorar, não desprezar as ações humanas, mas tentar compreendê-las". O filósofo francês André Comte-Sponville escreveu "eu ficaria zangado comigo mesmo se levasse a perder a fé quem dela necessita ou, simplesmente, quem vive melhor graças a ela" [1]. As palavras de ambos os filósofos norteia o texto que se segue em dois movimentos, um positivo e um negativo: compreender desprovido de juízo de valor; não fazer uma apologética ao ateísmo, lembrando aqui que nenhum ateísmo deve ser proselitista e, até onde sei, não é [2]. Este caráter conversor é típico das religiões (não  todas) não do ateísmo. Antes de prosseguirmos se faz necessário uma advertência: a obsessão pelas origens. A obsessão pelas origens traz consigo o demônio do julgamento. Essas ideias genealógicas tem um dispositivo religioso difícil de corrigir. Nos diz o primeiro livro da Bíblia, o Gênesis: "No princípio, criou Deus os céus e a terra". No evangelho de João encontramos a mesma palavra "No princípio era a Palavra..." O termo diz respeito a um começo, origem[3]. Quando não se funde a uma origem religiosa, esse começo/princípio permanece  singularmente fugaz, i. é, mesmo a ciência não é capaz (ainda) de provar empiricamente qual a origem do universo e da vida orgânica; se se tratar princípio como causa outras dificuldades se levantam e jamais poderíamos responder sobre a Causa da causa, um Primeiro Motor... Cairíamos inevitavelmente na metafísica.
Diante dessa breve introdução vamos às questões propriamente ditas.


1. Como cada uma dessas áreas (Criacionismo e Evolucionismo) são definidas?


a. Criacionismo


Uma definição básica de criacionismo é que trata-se de uma cosmovisão. Propõe que a origem do universo e da vida são resultados de um ato criador intencional. Numa tentativa de tornar essa cosmovisão mais sofisticada os criacionistas falam em Design Inteligente (DI). Uma definição do DI proposta pelo criacionista brasileiro Adalto Lourenço diz que Design Inteligente estabelece que causas inteligentes empiricamente são necessárias para explicar as estruturas biológicas ricas em informação e a complexidade encontrada na natureza[4]. A nível de exemplo, dois acadêmicos aqui no Brasil sustentam essa ideia: o professor adventista Rodrigo Silva [5] e o já citado Adalto Lourenço [6]; fora do Brasil, porém bem lido em território nacional, sobretudo por evangélicos, são eles Michael J. Behe [7] e o pastor Norman Geisler [8].
A cosmovisão criacionista encontra mais prestígio entre os evangélicos, católicos parecem não se importar tanto com isso. Em 27 de outubro de 1996 o então papa João Paulo II declarou aceitar a evolução como um fato da natureza e observou que não existe guerra entre ciência e religião:


"O exame de método usado em diversas ordens do conhecimento permite a concordância de dois pontos de vista que parecem irreconciliáveis. As ciências da observação descrevem e medem com precisão cada vez maior as múltiplas manifestações da vida... enquanto a teologia extrai... o sentido final segundo os desígnios do Criador" [9].


Obviamente, o papa foi severamente atacado por conservadores fundamentalistas. O juiz Braswell Dean observou:


"Essa mitologia de Darwin sobre os macacos é a causa da permissividade, promiscuidade, pílulas, preservativos, perversões, gravidezes, abortos, pornografia, poluição, venenos e proliferação de crimes de toda espécie" [10].


O criacionismo se vale fundamentalmente da literalidade do texto sagrado sobretudo o primeiro livro da Bíblia: o Gênesis. Assim fazendo, transformam um mito em ciência; todo esforço intelectual é um malabarismo que tentam a qualquer custo (menos o custo da fé) encaixar a ciência em seu corpo doutrinário. Com isso sacrificam a razão no altar da fé. Parafraseando Joseph Campbell, escreve Shermer:


Os mitos não tratam de verdades. Os mitos tratam do esforço humano para lidar com as grandes transições do tempo e da vida -nascimento, morte, casamento, as passagens da infância para a idade adulta e para a velhice. Eles atendem a uma necessidade da natureza psicológica ou espiritual dos humanos, que não tem absolutamente nada a ver com ciência. Tentar transformar um mito em ciência, ou uma ciência em mito, é um insulto aos mitos, um insulto à religião e um insulto à ciência [11]


b. Evolucionismo


Sobre a relação entre ciência e religião a seguinte taxonomia proposta por Shermer nos ajuda a entender melhor:
1) Modelo de mundos iguais: Ciência e religião lidam com os mesmos assuntos e não só existe sobreposição e conciliação como algum dia a ciência poderá subordinar a religião completamente. Muitos humanista e psicólogos evolucionistas preveem um tempo em que a ciência não só poderá explicar o propósito da religião, mas a substituirá por uma moralidade e ética seculares e viáveis.
2) Modelo de mundos separados: Ciência e religião lidam com assuntos diferentes, não entram em conflito nem se sobreporem, e devem coexistir pacificamente. Charles Darwin e muitos outros cientistas defendem essa posição.
3) Modelo de mundos conflitantes: Uma está certa e a outra está errada e não pode haver conciliação dos dois pontos de vista. Esse modelo é sustentado predominantemente pelos ateus e criacionistas, que costumam estar em conflito.


Levaria muito tempo e fugiria da proposta deste texto expor cada um desses modelos além de não ser o objetivo aqui. Porém, é preciso levar em consideração que se os criacionistas estiverem certos, então estaríamos tendo graves problemas com a física, a astronomia, a cosmologia, a geologia, a paleontologia, a botânica, a zoologia e todas as ciências da vida. É possível que todas ciências estejam erradas? É claro que não, mas os criacionistas acham que sim e, pior, querem que a sua anticiência seja ensinada nas escolas públicas.


Voltando à nossa temática, o que é evolução? A teoria de Charles Darwin exposta no seu A origem das espécies por meio da seleção natural, de 1859 pode ser resumida como segue:


1) Evolução: Os organismos mudam no decorrer do tempo. Tanto os registros fósseis como a natureza em seu presente estágio tornam isso óbvio.
2) Descendência com modificação: A evolução procede por ramificação mediante a descendência comum. A prole é similar, mas não exatamente uma réplica dos pais. Isso produz a variação necessária que permite a adaptação a um ambiente em constante mudança.
3) Gradualismo: A mudança é lenta, permanente. Natura non facit saltum - A natureza não dá saltos. Com tempo suficiente,a evolução promove as mudanças nas espécies.
4) Multiplicação da especiação: A evolução não produz simplesmente novas espécies; produz um número crescente de novas espécies.
5) Seleção natural: O mecanismo de mudança evolutiva, descoberto simultaneamente por Darwin e Alfred Russel wallace, opera do seguinte modo:
i. As populações tendem a crescer indefinidamente em progressão geométrica: 2, 4, 8, 16, 32, 64, 128, 256, 512...
ii. Num ambiente natural, entretanto, os números das populações se estabilizam num certo nível.
iii. Portanto, é preciso haver uma "luta pela existência", porque nem todos os organismos produzidos podem sobreviver.
iv. Existe variação em cada espécie.
v. Na luta pela existência, os indivíduos com variações mais bem adaptadas ao ambiente produzem maior prole do que os indivíduos menos adaptados. Isso é conhecido nos termos da teoria como sucesso reprodutivo diferencial [12].
As contribuições da teoria da evolução foram fundamentais para a compreensão da biologia. Há inúmeras evidências que demonstram a ocorrência da evolução. As principais evidências são:
Evidências taxonômicas
Evidências biogeográficas
Evidências paleontológicas
Evidências embriológicas
Evidências anatômicas
Evidências bioquímicas [13]


c. Neodarwinismo


Basicamente neodarwinismo é o movimento que advoga o darwinismo incorporando as recentes descobertas no campo da genética e da biologia molecular: mecanismo de divisão celular, mutações do DNA etc. Darwin não dispunha desses conhecimentos. Esta teoria é uma combinação da teoria da seleção natural, proposta por Darwin, e a teoria da hereditariedade, proposta por Gregor Mendel.
O neodarwinismo se baseia em várias descobertas relacionadas com o campo da genética.
i. Expressão gênica e transmissão dos caracteres. A expressão dos genes é responsável pelas características do indivíduo, o fenótipo; utiliza-se o fenótipo dos seres vivos para as classificações taxonômicas tradicionais. Cada caráter hereditário é controlado por um gene, um fragmento de DNA que se encontra nos cromossomos e pode ser transmitido à descendência.
ii. Mutações. São alterações ao acaso que ocorrem na composição genética de um indivíduo. Originam-se nos cromossomos e podem ser transmitidas à descendência durante a reprodução. Consistem geralmente em alguma modificação sofrida por um gene. Desse modo, forma-se outro gene diferente, ou seja, um novo alelo. Muitas das mutações são prejudiciais, tratando a seleção natural de eliminá-las. Outras, ao contrário, ao acaso, podem proporcionar alguma vantagem a seus portadores. Nesse caso, os indivíduos com essa mutação deixarão mais descendentes que o restante.
iii. Genética de populações. Estuda, mediante modelos matemáticos, como varia a proporção dos diferentes genes nas populações, considerando que cada gene é mais ou menos favorável. Estuda como a composição genética da população altera-se ao longo do tempo[14].


2. Quais são as críticas de uma em relação a outra?


Neste texto adoto o modelo de mundo conflitantes entre ciência e religião. A partir daqui, utilizo indiscriminadamente os termos darwinismo, evolucionismo e neodarwinismo como sendo a mesma coisa.
O Criacionismo e Neodarwinismo são campos antagônicos e herméticos. Sendo a ciência metódica e empírica. Em sua formulação minimalista, nua e crua, a evolução é uma ideia simples com uma surpreendente gama de explicações. A asserção básica inclui um par de afirmações inter-relacionadas que fundamentam as duas disciplinas centrais da história natural: a TAXONOMIA (ordenação das relações entre organismos) e a PALEONTOLOGIA (história da vida a partir de seus fósseis). A ciência busca explicar fenômenos e regularidades do universo empírico, sob o pressuposto de que leis naturais são uniformes no espaço e no tempo [15]. Respondendo a uma pergunta sobre se a ciência lida com com fenômenos passados, Shermer responde:


A ciência lida,sim, com fenômenos passados, particularmente ciências históricas como cosmologia, geologia,paleontologia, peleoantropologia e arqueologia. existem ciências experimentais e ciências históricas. Elas empregam metodologias diferentes, mas são igualmente capazes de rastrear causas. A biologia evolucionista é uma ciência histórica, válida e legítima [16].


O Criacionismo, por sua vez, aceita de forma incontestável a revelação divina. Assim sendo "aceita sem entender" pois a base do criacionismo é a fé e não as evidências. Ao abrir o livro Verdade Absoluta da norte-americana Nancy Pearcey, encontramos uma citação de Francis Schaeffer:


O cristianismo não é uma série de verdades no plural, mas é a Verdade escrita com V maiúsculo. É a Verdade sobre a realidade total, não apenas sobre assuntos religiosos. O cristianismo bíblico é a Verdade concernente à realidade total; é a propriedade intelectual dessa Verdade total, e então vive segundo essa Verdade [17]


Neste livro Pearcey dedica o capítulo 5 “Darwin e os ursos berenstain” para criticar a teoria da seleção natural e seu desdobramento, o neodarwinismo. Citando Huston Smith, Pearcey escreve:


[O darwinismo] é apoiado mais por suposições filosóficas ateístas que por evidências científicas [18].


Para quem tem o mínimo de conhecimento em ciência sabe que o oposto é a verdade: o cristianismo é apoiado em suposições filosóficas…
Nancy prossegue todo o capítulo dizendo que o darwinismo se propõe como substituto da religião:


Depois de folhear um pouco o livro [The Bears’ Nature Guide], chegamos a uma página dupla (...) e palavras escritas em letras garrafais: “A natureza… é tudo que É, ou ERA, ou SEMPRE SERÁ!” Onde ouvimos essas palavras? Na série de televisão “Cosmos”, de Carl Sagan. Seu slogan conhecidíssimo era: “O Cosmos é tudo que é ou era ou sempre será”. Quem frequenta uma igreja litúrgica reconhecerá que Sagan estava oferecendo um substituto ao Gloria Patri (Como era no princípio, é agora e sempre será”) [19].


O cristianismo entende que a ciência tem a pretensão de se colocar no lugar de Deus. Existe uma preocupação doentia de defender a moral de um Ser todo poderoso. Este Ser não apenas precisa ser defendido, Ele é a resposta para todas as questões da vida e de sua origem. O design é, na concepção teísta, uma verdade incontestável, porém não o suficiente para a pena ácida do biólogo Richard Dawkins:


Na verdade, o design não é nem mesmo uma alternativa de verdade, porque suscita um problema maior que o solucionou: quem projetou o projetista? [20]


Fazendo uma crítica ao livro de Behe (A caixa preta de Darwin), Dawkins cita Jerry Coyne onde afirma que Deus não é explicação para nada:


Por que Deus é considerado explicação para tudo? Ele não é - é a não-explicação, o dar de ombros, um “sei lá” enfeitado de espiritualidade e rituais. Se alguém atribui alguma coisa a Deus, geralmente isso quer dizer que ele não faz a menor ideia, por isso está atribuindo a coisa a uma fada celeste inalcançável e incognoscível. Peça uma explicação sobre de onde veio aquele cara, e são grandes as chances de você receber uma resposta vaga e pseudofilosófica dizendo que ele sempre existiu, ou que não pertence à natureza. O que, é claro, não explica nada [21].


Cabe ressaltar que numa tentativa desesperada de aliviar as mentes mais céticas, alguns cristãos abriram as portas, não totalmente, a teoria darwinista. Em outras palavras, dividiram a teoria em duas correntes (para manter a fé abriram mão do fixismo), a saber: microevolução e macroevolução[20]. Esse evolucionismo teísta propõe que Deus guiou a evolução, causando tanto o aparecimento das formas primitivas de vida como o desenvolvimento das formas de vida complexa. Essa visão é coerente com a microevolução.
Para uma melhor compreensão entre macro e microevolução utilizo a explicação esquemática do pastor Norman Geisler:
i. Macroevolução: é 1) naturalista: Não é necessário nenhuma inteligência para produzir formas de vida e o processo para novas formas de vida; 2) gradualismo: Transições pequenas e lentas durante milhões de anos. Geisler diz que a macroevolução é uma teoria ou modelo das origens que sustenta a ideia de que todas as variedades de formas de vida provêm de uma simples célula ou “ancestral comum”.
ii. Microevolução (Geisler chama de Projeto Inteligente): modelo de terra jovem:1) Criação em seis dias consecutivos de 24 horas. 2) Modelo progressivo: Criação em estágios durante intervalos de tempo [22]. Norman quer dizer que na concepção teísta, os animais evoluem dentro da espécie.


3. Selecione e leia duas pesquisas de cada uma dessas duas áreas, a partir dessa leitura diga o quão claro está o método nas pesquisas criacionistas? e nas pesquisas evolucionistas?


Basicamente as "pesquisas" no campo criacionista se baseiam em reflexões metafísicas e filosóficas. É herdeira do método aristotélico de dedução e indução. Em suma o DI não é ciência, apenas publicidade. Nenhuma hipótese de DI foi sequer aventada como explicação rival de qualquer fenômeno biológico. Para formular uma hipótese rival é preciso descer às trincheiras e oferecer alguns pormenores que tenham implicações testáveis, mas os pormenores do DI põem convenientemente de lado tal exigência, afirmando que nada de específico têm em mente sobre o que poderá ser o projetista inteligente, ou quem.


Em contrapartida, o evolucionismo se vale primeiramente da observação, da regularidade, da biologia, da paleontologia, da antropologia, da taxonomia etc. portanto, não é uma simples aceitação passiva mas a investigação exaustiva e metódica.


4. Com base na aula e nas suas respostas das perguntas anteriores, algumas das duas linhas seriam uma verdade? Se sim, por que?


Diante do exposto até aqui, podemos afirmar: o evolucionismo é uma “verdade” que pode ser testável, melhorada e ampliada mas não refutada; é uma verdade empírica que encontra sua base nas mais variadas ciências interdisciplinares. O criacionismo, por sua vez, é uma “verdade” que pode ser aceita sem provas para tais. Lembremos do que escreveu um dos quatro cavaleiros do ateísmo “o que pode ser afirmado sem evidência, também pode ser desprezado sem evidência[23]. Não considero razoável que todas as ciências estejam erradas enquanto uma cosmovisão fideísta seja a única correta.


5. Considerações


É vasto a quantidade de literatura teísta com o rótulo de científica. O que todas elas têm em comum é o fato de partirem de Deus como explicação primeira e última de todas as coisa. Tal cosmovisão é limitadora, tendenciosa e desonesta uma vez que ignoram todas as evidências que provam justamente o oposto do que pregam. A cosmovisão cristã encontra algum refinamento quando é defendida por cientistas mais argutos como Francis S. Collins e Alister McGrath por exemplo. De igual modo é motivo de risos quando afirmada pura e simplesmente por meio de convicções. O professor Adalto Lourenço disse em uma conferência que os dinossauros conviveram com o homens, e que, inclusive, estiveram na arca de Noé [23], seguindo essa mesma linha infundada Rodrigo Silva disse que em cada planeta do universo havia uma árvore do bem e do mal tal qual a do Jardim do Éden [24]. De fato Darwin, como um dos maiores expoentes do evolucionismo, deu um duro golpe na humanidade que se considerava como a criação da imagem e semelhança com seu criador. Esse mal-estar social começa com Copérnico que prova que não somos o centro do universo; Darwin, com um cruzado de esquerda, prova que não somos criação divina e, para finalizar, Freud diz que nem sequer somos donos de nossas ações: somos produtos do inconsciente. O que resta ao homem contemporâneo se perde todas as suas referências? Sabemos que o darwinismo ainda não penetrou em todo tecido social. Encontra muita resistência sobretudo por parte de religiosos radicais, porém, entendo que é só uma questão de tempo, assim como é incontestável que a terra não é o centro do universo não somos criação divina.


P.S. No momento que escrevi esse texto (Março de 2019) não disponho da obra magna de Charles Darwin: A Origem das Espécies, de 1859. Assim, extrai citações de obras que compilaram sua fala. Vide a bibliografia. futuramente, quando este texto for aprimorado (se é que será) já terei comigo um exemplar da obra. Os livros que cito e que consultei, foram lidos há alguns anos atrás. Não fiz nova leitura, por isso o texto pode soar superficial para alguns.


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Notas


*É da minha preferência grafar meu nome em caracteres grego. Essa preferência é simbólica, aponta um retorno ao pensamento grego, gênese de todo pensamento ocidental.


[1] A frase encontra-se no magnífico livreto publicado pela Editora Martins Fontes, O Espírito do Ateísmo. O livro é leitura obrigatória para se ter uma reflexão ponderada sobre o ateísmo.
[2] Nem todo ateu é proselitista. Alguns são. Este é o caso do biólogo americano Richard Dawkins. Em seu livro Deus, um delírio afirma: “Se este livro funcionar do modo como pretendo, os leitores religiosos que o abrirem serão ateus quando terminarem”. p. 29.


[3] vide Marc Bloch em Apologia da história.
[Nunca é mau começar por um mea culpa. Naturalmente cara a homens que fazem do passado seu principal tema de estudos de pesquisa, a explicação do mais próximo pelo mais distante dominou nossos estudos às vezes até à hipnose. Sob sua forma mais característica, esse ídolo da tribo dos historiadores tem um nome: é a obsessão das origens. No desenvolvimento do pensamento histórico, teve também seu momento particular de favor. p.56.


[4] Adalto Lourenço diz isso em seu livro Como Tudo Começou, publicado pela Editora Fiel. O livro inteiro é dedicado aquilo que ele chama de "Criacionismo científico".


[5] No site adventistas.org diz que Rodrigo Silva é teólogo pós-graduado em filosofia, é mestre em teologia histórica e especialista em arqueologia pela Universidade Hebraica de Jerusalém. Doutor em arqueologia clássica pela Universidade de São Paulo (USP), é professor do Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), curador do museu arqueológico Paulo Bork, e apresentador do programa Evidências, da TV Novo Tempo.
Apesar de ser bem quisto no meio evangélico Rodrigo Silva é contraditório é não é bem visto entre pesquisadores sérios. Em um vídeo do Youtube, Rodrigo chega a dizer que em cada planeta do universo há uma árvore do Bem e do Mal tal como aquela descrita no livro do gênesis. Vide https://www.youtube.com/watch?v=5e0qneF5mqc&t=738s
O youtuber Pirula aponta algumas discrepâncias que o cientista-pastor comete ao tentar defender o criacionismo em detrimento ao evolucionismo, vide https://www.youtube.com/watch?v=h6Xt_nu4dRY Também foi notícia que a Unicamp cancelou uma palestra que Rodrigo Silva daria na universidade, vide https://netnature.wordpress.com/2013/10/29/unicamp-cancela-palestra-criacionista/


[6] Adalto J. B. Lourenço é formado em física pela Bob Jones University (1990), Carolina do Sul, EUA. Autor do livro Como tudo Começou, pela editora Fiel. Aclamado entre evangélicos como um Carl Sagan às avessas, Lourenço tem vários vídeos no YouTube. Dono de uma boa retórica e humor, também faz afirmações improváveis como aquela em que diz que homens e dinossauros conviveram lado a lado além de estarem na arca de Noé. Vide https://www.youtube.com/watch?v=JtNzg9jo_G8


[7] Michael J. Behe é professor de bioquímica, autor do livro A Caixa Preta de Darwin: o desafio da bioquímica à teoria da evolução, publicado pela Editora Zahar. Vide uma entrevista com o autor https://netnature.wordpress.com/2013/10/29/unicamp-cancela-palestra-criacionista/
[8] Norman Geisler é pastor, autor e co-autor de mais de 60 livros e centenas de artigos. É doutor em teologia pelo Seminário Teológico de Dallas e doutor em filosofia pela Loyola University. Entre os teólogos brasileiros Geisler encontra grande prestígio sobretudo entre os apologistas.
[9] Vide SHERMER, Michael. Por que as pessoas acreditam em coisas estranhas: pseudociência, superstição e outras confusões dos nossos tempos. p. 165.
[10] Idem
[11] Ibidem p. 162.
[12] Extrai esse resumo de Michael Shermer de seu livro Por que as pessoas acreditam em coisas estranhas: pseudo ciência, superstição e outras confusões dos nossos tempos, pág. 172.


[13] Extrai essas evidências da Enciclopédia do estudante, vol. 9: Biologia - A vida em todas as suas formas. Para mais informações sobre o que cada uma das seis evidências estudam vide o capítulo 08 As mudanças nos seres vivos. p. 272 do respectivo volume.
[14] Idem, p. 276
[15] vide o capítulo “Três aspectos da evolução” de Stephen Jay Gould. Encontra-se no livro As coisas são assim: pequeno repertório científico do mundo que nos cerca (Org BROCKMAN, John e MATSON, Katinka). Publicado pela Cia das Letras 4ª edição de 2008.
[16] SHERMER, Michael 2011 p. 174.
[17] O livro em questão, Verdade Absoluta, foi publicado no Brasil pela Casa Publicadora das Assembleia de Deus (CPAD) em 2006. Foi elogiado por criacionistas como Michael Behe, James Sire e J. I. Packer, além de ter sido prefaciado por  Phillip E. Johnson.
[18] PEARCEY, Nancy. Verdade absoluta. Rio de Janeiro: CPAD, 2006. p. 171.
[19] Idem p. 176.
[20] DAWKINS, Richard. Deus, um delírio.São Paulo: Cia das Letras, 2006 p. 165
[21] Idem p. 182.
[22] Microevolução: alterações do tipo quantitativo de estruturas organizadas já existentes, criando variação e não melhoria. Exemplo: variações dentre as raças de cães; Macroevolução: alterações do tipo qualitativo com o surgimento de novas estruturas, produzindo supostas melhorias. Exemplo: um peixe evoluindo para um animal anfíbio.
[21] A configuração foi arbitrária da minha parte já que neste texto não disponho de gráficos. O gráfico utilizado por Norman Geisler encontra-se na página 149 do livro Fundamentos Inabaláveis, escrito em co-autoria com Peter Bocchino. No Brasil, o livro saiu pela editora Vida.
[23] Essa máxima de Christopher Hitchens encontra-se no livro deus não é grande: como a religião envenena tudo.


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Bibliografia teísta utilizada

BEHE, Michael. Caixa preta de Darwin, A. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
COLSON, Charles. Agora como viveremos?, E. Rio de Janeiro: CPAD,2005.
COLLINS, Francis S. Linguagem de Deus, A. São Paulo: Gente, 2007.
GEISLER, Norman e BOCCHINO, Peter. Fundamentos inabaláveis. São Paulo: Vida, 2001.
LOURENÇO, Adalto. Como tudo começou. São José dos Campos - SP: Fiel, 2007.
MCGRATH, Alister e MCGRATH, Joanna. Delírio de Dawkins, O. São Paulo: Mundo Cristão, 2007.
MORELAND, J. P. e REYNOUDS, John Mark. Criação e evolução. São Paulo: Vida, 2001.
PEARCEY, Nancy. Verdade absoluta. Rio de Janeiro: CPAD, 2006.
RUSSEL, Colin A. Correntes cruzadas: interações entre a ciência e a fé. São Paulo: Hagnos,  2004.
SIRE, James W. Universo ao lado, O. São Paulo: Hagnos, 2004.


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Bibliografia científica (não obrigatoriamente ateísta) utilizada


BLOCH, Marc. Apologia da história. Rio de Janeiro: Zahar,2002.
COMTE-SPONVILLE, André. Espírito do ateísmo. São Paulo: Martins Fontes, 2009.


DAWKINS, Richard. Deus um delírio. São Paulo: Cia das Letras, 2007.
________________. Magia da realidade, A. São Paulo: Cia das Letras, 2016.
GLEISER, Marcelo. Criação imperfeita. Rio de Janeiro: Records, 2014.
HARARI, Yuval Noah. Sapiens, uma breve história da humanidade. Rio de Janeiro: L&PM, 2016.
HITCHENS, Christopher. deus não é grande: como a religião envenena tudo. Rio de Janeiro: Globo, 2016.
MARTIN, Michael (org). Mundo sem Deus, Um: ensaios sobre o ateísmo. Lisboa/Portugal: Edições 70, 2007.
MUKHERJEE, Siddhartha. Gene, O: uma história íntima. São Paulo: Cia das Letras, 2018.
PINKER, Steven. Novo iluminismo, O: em defesa da razão, da ciência e do humanismo. São Paulo: Cia das Letras, 2018.
PICQ, Pascal. Origens do homem explicadas para as crianças. São Paulo: Unesp, 2012.
SAGAN, Carl. Mundo assombrado pelos demônios, O. São Paulo: Cia das Letras, 2001.
_________.Cosmos. São Paulo: Cia das Letras, 2017.
SHERMER, Michael. Por que as pessoas acreditam em coisas estranhas. São Paulo: JSN editora, 2002.
STEFOFF, Rebeca. Charles Darwin: a revolução da evolução. São Paulo: Cia das Letras, 2007.