sexta-feira, 24 de junho de 2011

Existencialismo




O Existencialismo foi a corrente filosófica mais influente da Pós-Modernidade e de toda história da filosofia. Sua chegada alicerçou o subjetivismo de Kant e iniciou o processo de descentralização a partir da obra de Kierkegaard, que não tinha importância sistemática ou estética, deferindo dos românticos e dos hegelianos. O Existencialismo invadiu as correntes mais diversas da ciência e dominou, por quase cem anos - datando do nascimento de Kierkegaard - a maneira de se pensar e fazer filosofia, sobrepondo-se aos demais sistemas filosóficos do período.


Por Existencialismo compreende-se a abordagem filosófica que entende o humano pela existência, não pela essência. Importa-se em ponderar através das ações e dicisões, onde a produção é de momento, como percebia o próprio Kierkegaard. A vasta influência existencialista só foi aprendida no Século XX e entre Kierkegaard e a valorização existencialista surgiu o Niilismo por meio de Nieztche. Por sua vez entende-se o Niilismo como a rejeição total das formações passadas nas áreas social e moral e nos aspectos que lhe conferem. Representou uma reação cética ao que se dizia verdade objetiva. Mesmo de pouca duração, a influência foi devastadora, ajudando a elevar os ideais pós-modernos e enfocando a Descentralização de Kierkegaard, debaixo de críticas, às vezes debochadas e sarcásticas, contra a filosofia antecedente.

O Existencialismo continua sendo um movimento característico da Europa continental. Talvez, porém, fosse mais perto da verdade dizer que o Existencialismo não é tanto um movimento, mas uma tendência ou atitude. Há existencialistas que são ateus, e há existencialistas que são cristãos professos. (Segundo R.N.Champlin : Acredita-se que o existencialismo teísta foi lançado por Kierkegaard, ao passo que sua variedade atéia começou com Nieztche. Naturalmente, todos os elementos comuns do existencialismo - religioso/ateu - são tão antigos quanto a história da própria teologia e filosofia. Kierkegaard, em sua revolta contra o sistema hegeliano do idealismo absoluto, e Sartre, que ampliou o ateísmo de Nieztche, procurando dar ao ateísmo um alicerce coerente e lógico, tiraram proveito de antigas idéias, revestindo-as em uma nova roupagem. Trata-se de uma específica combinação de idéias, que produziu esse sistema ou maneira depensar.) Há existencialistas que negam ser possível elaborar um sistema filosófico, e há aqueles que fazem o oposto.

O Existencialismo tem sido definido como uma tentativa de filosofar do ponto de vista do ator mais do que, como era tradicional do ponto de vista do espectador imparcial.

¨A palavra (existencialismo/existência), pois, é empregada para enfatizar a declaração de que cada pessoa individualmente é sem igual em termos de qualquer sistema metafísico ou científico; que é um ser que escolhe, bem como um ser que pensa ou contempla; que é livre, por ser livre, sofre; e que, visto que seu futuro depende parcialmente das suas escolhas livres, não é inteiramente predizível. Há sugestões também, neste uso especial, que a existência é alguma coisa genuína ou autêntica em contraste com a insinceridade, que o homem que meramente contempla o mundo está deixando de realizar os atos de escolha que sua situação exige. Percorrendo todas estas sugestões diferentes embora conexas, há a idéia fundamental de que cada pessoa existe e escolhe, no tempo, e que somente tem uma quantidade limitada de tempo à sua disposição, dentro do qual pode fazer as decisões que são tão importantes para ela. O tempo está curto; há decisões urgentes a serem tomadas; estamos livres para fezê-las, mas o pensamento de quanto depende da nossa decisão faz da nossa liberdade uma fonte de angústia, porque não podemos saber com qualquer certeza o que será de nós.¨
H.B. Acton



Sartre

Em uma obra ampla, que reúne ensaios, filosofia, teatro e literatura, Sartre defendeu suas teses sobre o ser humano. Seu ponto de partida afirma que o homem vem do nada e é radicalmente livre para fazer a sí mesmo.

¨Por consequência, quando, num plano de autenticidade total, reconheci que o homem é um ser no qual a essência é precedida pela existência, que é um ser livre, que não pode, em qualquer circunstâncias, senão querer a sua liberdade, reconheci, ao mesmo tempo, que não posso querer senão a liberdade edos outros. Assim, em nome desta vontade de liberdade, implicada pela própria liberdade, posso forar juízos sobre aqueles que procuram ocultar-se da total gratuidade da sua existência e a sua total liberdade.. Aos que a sí próprios esconderem por espírito de seriedade ou com descupas deterministas, a sua liberdade total, apelida-los-ei de covardes; aos outros, que tentarem demonstrar que a sua existência era necessária quando ela é a própria contingência do aparecimento do homem na terra, chama-los-ei de safados¨ ( Sartre, 1973:25-26)

Kierkegaard

Ele frisava o indivíduo, a subjetividade e a angústia, como a principal emoção da existência humana. No entanto, paradoxalmente, nos últimos mêses de sua vida, ele viveu um êxtase religioso. Parece que ele havia deixado para trás a tempestade mental que caracterizava tão fortemente os proponentes dessa filosofia.



¨(...) essa relação é o eu do homem. É uma relação que não é apenas consigo Própria, mas com outrem. Daí provém que existam duas formas do verdadeiro desespero. Se o nosso eu tivesse sido estabelecido por ele mesmo, uma só existiria: não queremos ser nós mesmos, queremo-nos desembaraçar do nosso eu, e não poderia existir essa esta outra: a vontade desesperada de sermos nós mesmos.¨ ( Kierkegaard, O Desespero Humano)

O conceito de angústia
 A angústia é a possibilidade da liberdade, só essa angústia é, pela fé, absolutamente formadora, na medida em que consome todas as coisas finitas, descobre todas as suas. Aquele que é formado pela angústia é formado pela possibilidade e só quem for formado pela possibilidade estará formado de acordo com a sua infinitude. A possibilidade é, por conseguinte, a mais pesada de todas as categorias.
(Kierkegaard, Coleção Passo a-Passo, de Jorge Miranda de Almeida e
                                                            Álvaro L.M. Valls, da editora Zahar)


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