segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Nascer é muito longo

Eu comecei a nascer no dia 02 de maio de 1982 e não parei mais.
Nascer é muito longo...
Demora uma vida inteira


Neste processo sou criatura e criador.


Sou capaz de acumular uma saber imenso e, no entanto, permaneço angustiado por dúvidas profundas que jamais terei a resposta...

sábado, 14 de janeiro de 2012

Definição da religião e sua diferenciação da arte, da filosofia e da moral

"Todos os que se ocupam da ciência da religião - observa A. Lang - todos os que pretendem favorecer o desenvolvimento da religião, todos os que a querem extirpar, oferecem uma definição da sua essência"

 Nós propomos como definição suficientemente descritiva a seguinte: "A religião é o conjunto de conhecimentos, ações e estruturas com as quais o homem expressa reconhecimento, dependência e veneração em relação ao sagrado".

 Esta definição, como se nota, compreende dois elementos, um relativo ao sujeito e um outro ao objeto. Quanto ao sujeito, ela indica a atitude que o homem adota quando se expressa religiosamente. Com efeito, nem toda relação com o sagrado é atividade "religiosa". Por exemplo, se se estuda o processo de transformação e desenvolvimento das religiões, suas influências e manifestações, não podemos deixar de nos ocupar também do objeto da experiência religiosa e, não obstante, nos movemos no plano da história e não da religião. "Pode-se falar de um ato religioso, principalmente de um ato religioso fundamental, somente quando o homem assume perante o Sagrado e o Divino uma atitude subjetiva de todo particular, isto é, quando emocionalmente é atingido e atraído pelo objeto e entra em contato pessoal com ele. Esta é a face psíquica ou interior da religião". Como já foi dito, o aspecto subjetivo do fenômeno religioso é formado pelo reconhecimento da realidade do Sagrado, pelo sentimento de total dependência em relação a ele e pela atitude veneração perante ele.

 Nossa definição do objeto da religião indica aquilo que o caracteriza de modo exclusivo, isto é, o do ser Sagrado. Sagrado é um conceito primário, fundamental, como os conceitos de "ser", "verdade", "bem", "belo" e, por conseguinte, não se pode explicá-lo ulteriormente, reportando-se a categorias estranhas à esfera religiosa. Sobre esse ponto parece-me que Scheler e Otto tinham plena razão. Mas nem por isso deve ser considerado um conceito incapaz de receber qualquer explicação. Com efeito, dentro da esfera religiosa, o Sagrado toma características bem próprias, inconfundíveis, que permitem descrevê-los de forma inequívoca. Entre as características mais importantes lembramos aquelas tão evidenciadas por Rudolf Otto: a numinosidade, a misteriosidade, a majestade, o fascínio. Mas também estas outras características são importantes: a objetividade, a axiologia, a transcendência e a personalisticidade. Primeiramente a OBJETIVIDADE: o Sagrado até permanecer sagrado e, portanto, objeto da religião não pode ser considerado um achado da fantasia humana, uma projeção e hipostatização das necessidades, desejos e ideais do homem. O ato religioso está dirigido a uma realidade efetivamente existente: "os conteúdos religiosos sempre apresentam-se com a pretenção de ter consistência e validade também fora da consciência e da experiência religiosa". A TRANSCENDÊNCIA: ainda que não seja colocado fora do mundo, o Sagrado é sempre considerado como algo que supera infinitamente o próprio mundo e tudo aquilo que nele está compreendido, particularmente o homem. A AXIOLOGIA:  o Sagrado representa o valor supremo, ao ponto culminante de todos os outros valores. A PERSONALISTICIDADE: o homem religioso não se relaciona com um objeto, mas com um Tu, com uma pessoa. "Há alguém perante ele. Eu experimento um Tu. E eu o imagino sob a forma de um demônio ou de um deus".

  Determinando-se desta forma a essência da religião, torna-se evidente em que coisa ela se diferencia da filosofia, da arte e da moral. Aquilo que a diferencia da filosofia é principalmente o elemento subjetivo; com efeito, tanto a religião quanto a filosofia ocupam-se do Sagrado, do Divino, da "realidade última", mas o fazem de um modo totalmente diferente. A filosofia procede por obstração e com finalidades puramente especulativas; ao contrário, a religião "é uma tomada pessoal de posição que vai além do simples conhecimento da verdade; é a atitude em que todo o eu se recolhe na sua singularidade", com um empenho supremo. O que distingue a religião da arte é, opostamente o elemento objetivo: a religião tem por objeto o real; a arte, o ideal. Finalmente, também a religião e moral, apesar de estarem estritamente ligadas uma à outra, são essencialmente diferentes. "A primeira é encontro com Deus; contato pessoal com ele, reconhecimento humilde e devoto do seu valor absoluto e da sua santidade. À segunda compete o cuidado e realização dos valores que correspondem à essência do homem".

Bibliografia:

Mondin, B. - Introdução à filosofia Ed. Paulus
Tillich, Paul - Teologia sistemática Ed. Sinodal