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Mostrando postagens de março, 2011

Midiocolonização

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  Somos contemporâneos de uma mudança de época. Não só uma mudança de época, mas vivemos também, uma época de mudanças. A última vez que isso ocorreu no Ocidente foi na passagem do mundo Medieval para o mundo Moderno. Hoje é consenso entre alguns pesquisadores que este período Moderno dá lugar a um novo período chamado pós-moderno. O termo ¨pós-moderno¨ é ainda de difícil conceituação. A emergência deste período trouxe consigo não só mudanças significativas na história (acontecimentos) e geopolítica, mas na mentalidade universal de todos; no modo de viver, nos costumes, na religião e, claro, nas relações sociais. Alguns estudiosos acreditam que esse período começou com o fenômeno da globalização. ( Frei Beto, prefere chamar de globocolonização ).   Podemos definir de forma bem simplista globalização como sendo: o mundo visto como um conjunto único de atividades interconectadas que não são estorvadas pelas fronteiras locais. Pode-se dizer que este fenômeno afetou todo...

O conto da alma só

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  Existia uma alma Tão só, tão alma. Vagava pela escuridão sem a mínima luz. Não cumpria penitência. Não era penada. Estava privada da presença de sua gêmea. Tão só, tão alma Que o medo amplificava, o frio aumentava, as trevas lhe pareciam sólidas. A alma caminhava sem rumo. Ora dava voltas em torno de si própria. Tudo que ela tinha era a existência e nada mais. Não cumpria penitência. Não era penada. Estava privada da presença de sua amada. Tão alma, tão só. Não esperava dó. De quem se não havia ninguém? O vento gélido lhe trespassava. A fina chuva a molhava. Não havia como descansar. Seu gemido se tornara num grito que só ela podia escutar. Quem mais ouviria? Sem se deixar flutuar, coitada foi desabar ali mesmo onde estava. A essência dos sentimentos fragmentaram-se pelo chão de terra preta. A alma só Era agora despedaçada. Tão alma... Tão só Quem terá dó se não há mais ninguém? Em meio ao nada ela foi vencida pela solidão e cansaço da peregrinação. Deix...

A sociedade pela qual se luta

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  E vi um novo céu e uma nova terra...      Para se falar em uma sociedade mais justa é necessário rejeitarmos compulsoriamente a cultura cristã, aquela que diz que, um mundo melhor só será possível no porvir. Só após a morte é que iremos desfrutar as delícias do paraíso. Pensar dessa forma é o mesmo que aceitar ser um sujeito passivo na sociedade na qual se vive; é ser apolítico e entregar nas mãos de terceiros nossa única (melhor) arma de lutarmos contra as injustiças que imperam num mundo cruel. Pensar dessa forma é dar razão a Karl Marx em sua famosa frase: A religião é o ópio do povo. Seria tratar o cristianismo como um elemento atenuante. Como um consolo ou como, segundo os psicólogos, mecanismo de defesa, tais como a negação, a fuga ou a racionalização. Fugir da realidade em nada a mudará. A teologia descolada da prática, torna-se numa fábula. Segundo o teólogo germânico Johamm B. Mezt, a teologia política pode ser vista a partir de dois aspectos. 1...

Retratos da alma

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  (...) O tempo é uma realidade encerrada no instante e suspensa entre dois nadas. O tempo poderá sem dúvida renascer, mas primeiro terá de morrer. Não poderá transportar seu ser de um instante para outro, a fim de fazer dele uma duração. O instante é já a solidão... É a solidão em seu valor  metafísico mais despojado. (...)      Quando falo em retrato da alma o simbolismo de uma fotografia nos é sugestiva. A mesma apresenta-nos uma imagem congelada naquele instante e sem possibilidade de mudança. Posso afirmar que - com enorme certeza -  aquele da fotografia sou eu (fui eu) e não sou eu (agora). Sendo assim, a seguinte fraseologia faz sentido: ontem eu fui, hoje sou, amanhã serei . Essa mudança constante é o ser; e no ser moram as lembranças de cada instante vivido. É bom salientar que as lembranças funcionam como mecanismo de prisão;  a esperança (e a fé), de igual modo, nos lançam ao futuro. Portanto, também nos aprisionam. Gos...

Onde está Deus?

 Você não ouviu falar do louco que, nas claras horas da manhã, acendeu uma lanterna, correu para o mercado e se pôs a gritar inscessantemente:¨ Estou procurando Deus¨?  Não sei se estou ficando louco - talvez esteja - mas as vezes me faço a mesma pergunta que o louco de Nieztche. Me vejo com uma lanterna na mão procurando Deus. Não consigo. Por mais que tente. Não ouço a voz de Deus nas ¨pregações¨. Os pregadores até falam com autoridade. Falam em nome de Deus, fazem coisas em nome de Deus. Se dizem inspirados mas eu não ouço Deus. Não os vejo como ferramentas exclusivas. (Deus não tem ferramentas particulares). Muitas vezes os vejo como tolos, (que Deus me perdoe). São atores involuntários - ou voluntários - no tearo da vida. Construiram um deus que não existe. A sua imagem e semelhança. Esse deus é implantado na cabeça dos inocentes de domingo a domingo. Aquilo que Augusto Boal chama de ¨invasão dos cérebros¨. Em uma passagem do seu livro, Boal diz o seguinte:(...) Ex...

Epitáfio

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Venha  me beijar, Vento E tire meu fôlego  até que você e eu sejamos um só E dançaremos entre os túmulos Até que toda morte se vá.            

Eu refocilei, e você?

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Eu estava cansado. Ninguém me disse que viver cansa (se assim o tivesse feito eu não teria nascido). O que cansa na vida? Será que as estrelas não cansam de brilhar?  O que cansa é o monótono; a prática executada cotidianamente da mesma maneira. Ser a mesma pessoa é de igual modo estafante. Seres humanos não são inertes. Vivemos numa eterna mudança, e isso diariamente. É aquilo que chamo de ¨persona nossa de cada dia¨. Desta forma, eu não sou a mesma pessoa que fui ontem; nem serei a mesma de amanhã. ¨Basta cada dia o seu mal¨. Outras coisas também são doentias: defender os mesmos conceitos sem possibilidade de mudança; dizer as mesmas palavras e ouvir o mesmo sermão. Neste sentido o evangelho não existe. Pois não há nada de novo senão repetições infindas do mesmo.¨ Se uma música fosse infinita, seria insuportável¨ disse Rubem Alves, e eu concordo com ele.  Vivemos numa canseira generalizada e não sabemos ao certo de que.  Tá, eu entendi que estamos indisp...