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Mostrando postagens de 2012

Novos rumos teológicos e existenciais

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Novos rumos teológicos e existenciais O texto que segue foi escrito num período de transição intelectual no final de 2012. Foi um período onde eu estava abandonando gradativamente a religião e abraçando, em um primeiro momento o agnosticismo e, depois, o ateísmo. Hoje, mesmo sendo declaradamente ateu, não me fechei nem me fecharei as perspectivas religiosas. (Vide P.S.) Estou seguindo em frente. Não sei se estou evoluindo (ou involuindo quem sabe). Sei que trilho novos caminhos teológicos e, me parece, que a cada passo que dou a estrada atrás de mim se desfaz: deixa de existir como possibilidade de retorno. Ela permanece apenas como memória viva... Cada ponte que cruzo é destruída logo após a minha passagem. Deixei minha casa segura, confortável... Trilho só por caminhos ora estranhos ora familiares. Às vezes dá medo. Dá frio. As possibilidades de caminhos alternativos são infinitas. Porém eu me sinto livre: apesar da angústia. É importante não converter o medo da li...

Deus está no controle?

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Deus está no controle?           Imagine por um só instante que você é Deus e está olhando para a Terra que você criou; está olhando para a humanidade. O que exatamente você vê? Com certeza a visão não é das melhores. Você veria um mundo com fome . Dados da OMS indica que a cada 5 segundos uma criança de menos de dez anos morre de inanição; você veria pessoas no Haiti comendo bolachas de barro; você veria pessoas, aos milhares, com os olhos marejados em lágrimas com a marca do sofrimento. Sofrimento por não ter o que comer; sofrimento por ver seus filhos/pais/avôs morrerem de fome ou por consequência dela. Pessoas humilhadas, desprezadas pelo sistema. Você veria um mundo violento . Um mundo que sempre respirou a guerra, isso desde o começo da humanidade. Guerras civis, religiosas... Veria um mundo que nunca conheceu a paz. Um mundo que passou por duas guerras mundiais matando ao todo, mais de 80 milhões de pessoas. Altos índices de ho...

Quem sou eu?

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Eu não sou o que sou É isso que eu sou: um condenado a existência. Lançado num mundo  contingente e incontrolável...  Vou vivendo. Escravo do tempo e dos momentos contados. Os movimentos da terra ditam minha vida.  A contagem dos anos só me angustiaram e, de angústia em angústia a vida acontece. Como não se angustiar se a ampulheta já cumpriu sua função? E eu? Quem sou eu? E Deus? Quem é Deus? Eu pensei que   o conhecia. Alguém o pintou no meu quadro. ¨Criamos deus à nossa imagem conforme a nossa semelhança¨ e a bíblia religiosa prossegue. Criaram... Venderam-me um deus vingativo. Um deus que só vive irado. Não sabe o que é o perdão pois o castigo lhe pertence... É um deus egoísta assim como somos. Que deus é esse? Esse deus me escravizou. Criou em mim uma paranoia. Depois que o conheci jamais tive paz comigo mesmo. Esse deus me angustiou... Fez me odiar a vida e amar a morte. Fez de mim um santo perfeito aos meus olhos... Fez me enxergar detalhad...

A teologia e o galo

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Muitos pensam que o que dizem sobre Deus tem consequências cósmicas (mais próximos da verdade estariam se se contentassem  com as consequências cômicas)... O que me faz lembrar a estória de um galo que acordava bem cedo, todas as manhãs, ainda escuro, e anunciava solene aos seus companheiros, bichos de galinheiro: "- Vou cantar para fazer o Sol nascer..." E se empoleirava no alto de telhado, olhava para o horizonte, e ordenava categórico: "- Co-co-ri-co-có..." Dali a pouco a bola vermelha mostrava o seu primeiro pedaço e o galo comentava, confiante: "- Eu não disse?..." E os bichos ficavam boquiabertos e respeitosos ante poder tão extraordinário conferido ao galo: cantar para fazer o Sol nascer. E nem havia sombra alguma de dúvida, porque tinha sido sempre assim, com o galo-pai, com o galo-avô... Aconteceu, entretanto, que o galo certo dia perdeu a hora, e quando ele acordou o Sol já estava lá, brilhando no meio do céu... ...

Os Sofrimentos do jovem Werther

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Já faz algum tempo que li o livro Os sofrimentos do jovem Werther do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832). Ontem, folheando o livro, deparei-me com algumas frases e textos inteiros que eu havia grifado (riscar, e sublinhar textos de livros é uma característica da minha forma de leitura). Entre os textos que havia grifado encontrei alguns como esse: Nossa imaginação, que por natureza tende a se elevar, alimentadas pelas fantásticas imagens da poesia, cria uma porção de seres, dos quais somos os mais insignificantes, e tudo que está fora de nós parece magnífico, a passamos a considerar qualquer outra pessoa mais perfeita. Isso é absolutamente natural: sentimos frequentemente que nos falta muitas coisas e temos a impressão de encontrar precisamente o que nos falta nos outros indivíduos, aos quais, aliás, atribuímos o que possuímos e, até mesmo, certa graça idealizada. Assim é que o homem feliz, no final das contas, é uma invenção nossa. (pág 81,82) E fras...

Eu vou Estar

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Eu vou estar aí Na tua imensa solidão. Eu ai estarei no vazio do teu coração murcho... Na tua lágrima angustiada, no teu grito silencioso, no choro engolido e vomitado... Nesse momento, eu estarei aí. Eu vou estar aí Na tua presença festejante... Enchendo teu coração de viva vida. No teu sorriso gratuito, Na tua alegria escandalosa. Vou unir minha respiração a tua... Minh'Alma não mais te deixará! Lembra!! Tua lembrança me ressuscita; tua imaginação é meu universo... Posso morar em teus sonhos (Mas não contigo) Estar em você não é estar com você! Mas vive! Vive e me deixa viver em ti Verás (sentirás) que eu estarei com você! Erivan

Consideração Básica sobre a existência de Deus

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Paul Tillich As palavras a seguir não são minhas. Pertencem ao teólogo alemão Paul Tillich. Porém faço das palavras desse ilustre pensador as minhas, pois acredito que sintetizam bem meus pensamentos acerca do divino.  Tillich criou o conceito de " Deus acima de Deus". Sobre isso, Jorge Pinheiro - cientista da religião e, grande especialista do pensamento tillichiano - afirma: "...'Deus acima de Deus'. Essa formulação não se refere a existência de um super-Deus, mas que mesmo que houvesse o desaparecimento do Deus pessoal, Ele continuaria presente na fé." Afirma Tillich:   Tanto os teólogos como os cientistas críticos, contrários a  crença de que a religião seja um dos aspectos do espírito humano, definem a religião como relação humano com seres divinos, cuja existência é afirmada pelos teólogos e negada pelos cientistas. Mas é justamente essa ideia que trona impossível a compreensão da religião. Se começamos argumentando em favor ou contra ...

Esse est percipi

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Esta frase titular é latim. Seu significado é "ser é ser percebido" , do filósofo irlandês George Berkeley (1685-1753). Alguns acham que uma melhor tradução seria esse est aut perciperi aut percipi ("ser é perceber ou ser percebido"). Inicialmente conheci as ideias de Berkeley no livro O mundo de Sofia , do Jostein Gaarder. Em um dos capítulos, Alberto explica a Sofia: "Berkeley dizia que as coisas do mundo são, de fato, da forma como nós as percebemos, mas que não são 'coisas'".(pág 303). Em outro trecho, Alberto diz: "'Ser ou não ser' não seria, portanto, a questão central. Importante seria perguntar também o 'quê' somos. Será que somos pessoas de verdade, feitas de carne e osso? Será que nosso mundo consiste em coisas reais, ou será que tudo o que nos cerca não passa de consciência?"(pág 305). Embora eu não concorde totalmente com Berkeley, confesso que suas ideias são sedutoras e, influenciaram de c...

Repensando conceitos teológicos:Deus além de Deus

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Quando você ora (ou reza) e pensa em Deus, o que lhe vem à mente? Certamente essa é uma pergunta difícil. Mesmo assim, ousarei dissertar sobre ela sabendo que, não chegaremos a nenhuma conclusão: o falar sobre Deus sempre permanecerá inconcluso; jamais haverá um fim. A temática que apresento nesta postagem e em outras que se seguirão estão dentro do seguinte tópico: Repensando os conceitos teológicos.  Esta será minha proposta: repensar conceitos antes sedimentados pela teologia tradicional, cristalizados no tempo e que hoje, não faz o menor sentido para o homem contemporâneo. A enxurrada de livros teológicos produzida hoje em dia, não passa de um "cemitério teórico", tautológico e desprovido da vida humana. Confesso que repensar um conceito tão forte em sua carga cultural requer coragem e ousadia. Alguns mentores me ajudaram nesta mudança conceitual: Paul Tillich , para mim este foi um dos maiores teólogos do séc XX (inclusive a ideia de "Deus além de Deus" é d...

A religiosidade do capitalismo

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O corpo textual está no livro: Desejo mercado e religião , do Jung Mo Sung. Boa leitura. Quando falamos da religiosidade do capitalismo é preciso ter em mente que as sociedades modernas não romperam totalmente com a visão mítico-religiosa das sociedades medievais. Na Idade Média, o Paraíso, ou a utopia, era objeto de uma esperança escatológica. Ele se localizava após a morte e o fim da história, e era fruto da intervenção divina. Na modernidade esta utopia (paraíso) foi deslocada da transcendência pós-morte para o futuro, no interior da história humana. Agora a utopia não é mais vista como fruto da intervenção divina pós-morte, mas sim fruto do progresso tecnológico. É o chamado "mito do progresso" (vide Celso Furtado). Com esse mito, desaparece a noção do limite para ações humanas e surge a ideia de que querer é poder. Com essa transformação da noção da utopia e da ação humana, a modernidade é portadora de uma boa nova que concorre com as boas-novas religiosas t...