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Mostrando postagens de fevereiro, 2012

Queria acreditar e ser Niilista

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Se morrer fosse a inexistência absoluta, o nada eterno, o Niilismo real...Então era isso que eu queria: o Nada, a inexistência. Minha mente cristã não me deixa crer no pressuposto acima. Mas, eu queria acreditar e ser niilista... Sem esperança. "Invejo aqueles que não têm esperanças" (Nietzsche). Sem Inferno como instrumento de medo e castigo; sem Céu como possibilidade de recompensa... Apenas o nada, como Nada era antes de eu nascer...

Depois do enterro...*

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Depois do enterro é preciso reorganizar a casa. Há o momento da volta do sepultamento, quando as liturgias da morte se fizeram silenciosas, e se encontra com o espaço vazio que ficou, e agora o que existe ali é a presença de uma ausência. Antes havia alguém que, de um jeito ou de outro, era um centro em torno do qual aconteciam gestos e sentimentos. Agora, que gestos fazer? Objetos, roupas, retratos, a cama, o lugar à mesa, as rotinas... Continuam lá, recusam-se a ser enterrados. Vivos silenciosamente nos perguntam: "E agora? que é que você vai fazer?" Começa então um outro sepultamento. Abrem as janelas do quarto para arejar - é o que dizem. Penso que talvez seja mais para exorcizar os últimos odores da morte. Depois, as roupas que não mais serão usadas pelo dono e que deverão ser dadas. Sua presença nos armários causa incômodo por estarem cheias de um corpo que não voltará mais. Por vezes é o contrário. Meu amigo deixou o quarto do filhinho morto do mesmo jeito, cama arruma...

Sobre Opressor e Oprimido

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De uma forma simplificada podemos dizer que o "american way of life", o modo americano de vida (e também da Europa Ocidental) se tornou o referente universal na dinâmica da emulação social em nível global. O desejo de se tornar um ser humano respeitado pela sociedade os leva a imitar o desejo de consumo dos ricos consumidores dos países ricos. Um efeito colateral desse obsessão pelo consumo é a ameaça ao nosso meio ambiente. A internalização do "modo americano de vida" ou o assumir a imagem do "consumidor-perfeito" como modelo de ser humano a ser imitado traz sérios problemas e contradições para a luta por uma sociedade mais humana e justa. Paulo Freire, em seu clássico livro A pedagogia dos oprimidos, já assinalava isso dizendo que um grande problema na luta pela libertação dos oprimidos está no fato de que eles "hospedam" dentro de si o opressor. A estrutura do pensar do oprimido "se encontra condicionada pela contradição vivida na situa...

Na beira do abismo

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No meio de um escuro alucinante, ali só, eu... quem sabe de onde vim; não foi da Nau dos loucos? Quem diria que o abismo me contempla assim como eu diante dele? Quem deu vida à escuridão? Quem fez o silêncio ensurdecedor? Quem deu mãos ao vento? Quem tomou de mim a minha mente? Quem enterrou meus sonhos eme tirou toda a esperança? Estarei eu entrando no inferno? Sei-lá! Deixa eu ir dormir ( Mas o dia não vai nascer feliz); Deixa eu viver (Sem uma ideologia, por gentileza); Deixa eu ser "eu" e "eu" às vezes sou vários que nem me conheço... Quem nunca esteve na beira do abismo? Erivan

Educação e cultura: a crítica de Nietzsche

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Friedrich Nietzsche (1844-1900) usou em seus escritos o recurso dos aforismos, cuja força está no conteúdo questionador e provocativo. Aliás, é assim, de forma contundente e crítica, que Nietzsche examina a cultura de seu tempo e lamenta o estilo de educação: em toda a sua obra condena a erudição vazia, a educação intelectualizada, separada da vida.  Vejamos a primeira parte de Assim falou Zaratustra (Das três transmutações), em que ele cita as mudanças possíveis do espírito humano, que de um camelo pode se fazer leão, e de leão se transformar em criança.  Descrevendo o espírito como camelo, Nietzsche diz: "O que é pesado? assim pergunta o espírito de carga, assim ele se ajoelha, igual ao camelo e quer ser bem carregado. (...)Todo esse pesadíssimo o espírito de carga toma sobre si: igual ao camelo, que carregado corre para o deserto, assim ele corre para o seu deserto. / Mas no mais solitário deserto ocorre a segunda transmutação: em leão se torna aqui o espírito, liberdad...