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Mostrando postagens de junho, 2013

Soneto da hora final

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Será assim, amiga: um certo dia Estando nós a contemplar o poente Sentiremos no rosto, de repente O beijo leve de uma aragem fria. Tu me olharás silenciosamente E eu te olharei também, com nostalgia E partiremos, tontos de poesia Para a porta de treva aberta em frente. Ao transpor as fronteiras do Segredo Eu, calmo, te direi: - Não tenhas medo E tu, tranquila, me dirás: - Sê forte. E como dois antigos namorados Noturnamente tristes e enlaçados Nós entraremos nos jardins da morte. Vinicius de Moraes

O toque da morte

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Quando ela me tocar, não me trará prazer. Nem sei que sensação me causará! Não sentirei o calor do seu toque, senão o gelo de sue lençol. Ela nunca me tocou; quando me tocar será só por uma vez. Por uma única vez. Não permitirei mais que isso! A natureza não permitirá. Antes de me tocar, pode me contemplar. Me contempla no quarto Me deixa apavorado por tua presença. Sua doente! Sua louca! Olho para a porta olho para ti Confundo entrada com saída  Jamais saberei se estou entrando ou se estou saindo ao cruzar aquela porta. Que importa? Já me deixastes fascinado além de curioso Abre, abre logo essa porta Abre, abre, abre que eu quero passar! Não me venhas com dó de última hora. Tua misericórdia? Não quero... Vem toma a minha mão Deixa então que eu te toque e vamos sair daqui. Morte desgraçada! Morte vagabunda! Morre tu de dor ou de prazer, só me deixa em paz! Não me toque! Não me toque! Desculpe, eu estou de cabeça quente... Falei demais....

O ano em que sonhamos perigosamente

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Já faz algum tempo que li o livro O ANO EM QUE SONHAMOS PERIGOSAMENTE do filósofo esloveno Slavoj Ziziek. Me surpreendi ao encontrar semelhança entre seu texto e os acontecimentos repercutidos em todo território nacional. Somente para citar alguns trechos do capítulo "Inverno, primavera, verão e outono árabes": "Quando um regime autoritário se aproxima da crise final, sua dissolução, via de regra, segue dois passos. Antes do colapso real, acontece uma misteriosa ruptura: de repente, as pessoas percebem que o jogo acabou e simplesmente deixam de sentir medo. Além de o regime perder sua legitimidade, o próprio exercício do poder é visto como uma impotente reação de pânico." (pág.71)  E ainda:  "O que complica mais as circunstâncias é a situação econômica, que piora rapidamente - mais cedo ou mais tarde, isso levará às ruas milhões de pobres, amplamente ausentes nos eventos da primavera, que foram dominados pela jovem classe média instruída. A nov...