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Mostrando postagens de janeiro, 2015

Hino a Deus

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1 No fundo dos vales escuros morrem os famintos. Mas você lhes mostra o pão e os deixa morrer. Mas você reina eterno e invisível Radiante e cruel, sobre o plano infinito. 2 Deixou os jovens morrerem, e os que fruíam a vida Mas os que desejavam morrer, não permitiu... Muitos daqueles que agora apodrecem Acreditavam em você, e morreram confiantes. 3 Deixou os pobres pobres, ano após ano Porque o desejo deles era mais belo que o seu céu Infelizmente morreram antes que chegasse com a luz Morreram bem-aventurados, no entanto - e apodreceram                 imediatamente. 4 Muitos dizem que você não existe e que é melhor assim. Mas como pode não existir o que pode assim enganar? Se tantos vivem de você, e de outro modo não poderiam morrer Diga-me, que importância pode ter então que você não exista? Bertolt Brecht (Poemas 1913-1956)

Não me conformo

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Hoje, mexendo nos meus livros, encontrei um poema da poetisa americana Edna St. Vincent Millay.  Impossível esquece-lo... Carregado de magia flerta com a minha tristeza e coroa de majestade a minha saudade. Tudo fica meio paradoxal: sinto saudades de quem está comigo; das pessoas dos retratos, das memórias... Sinto saudades de quem já foi mas permanece. É o que afoga nosso coração em lágrimas, e faz com que a perda da vida daqueles que morrem se torne a morte daqueles que ficam vivos. ( Agostinho - Confissões) Sinto a necessidade de compartilhar o poema da Edna, e que cada um medite com sua própria experiência de luto. Não me resigno quando depositam corações amorosos na terra dura. É assim, assim será para sempre: entram na escuridão os sábios e os encantadores. Coroados de lírios e louros, lá se vão: mas eu não me conformo. Na treva da tumba lá se vão, com seu olhar sincero, o riso, o amor; vão docemente os belos, os ternos, os bondosos; vão-...

Lutos e Rituais

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Já faz algum tempo que abandonei o cristianismo como prática religiosa . Tal abandono deve-se em parte pelo contato com as correntes filosóficas (especialmente o existencialismo); em parte, pelo desencanto com a religião propriamente dita; pelo esvaziamento de significados existenciais ; pelo desgaste que o conceito "Deus" sofreu ao longo dos séculos. Em fim, por uma vontade de ser liberto exatamente por aquela que promete liberdade, mas aprisiona: a "verdade". Não acredito que verdade alguma liberte alguém, pelo contrário: a verdade aprisiona aquele que nela crê. Isso não quer dizer que eu seja um ateu militante, mas um agnóstico em paz. Penso que é absolutamente possível sermos admiradores do Cristo sem contudo toma-lo como Deus.  Deus? Quem é Deus se não um Ser abstrato que para mim não faz o mínimo sentido. Karen Armstrong parece ter tido a mesma experiência que tive quando escreveu: Na verdade, o inferno parecia uma realidade mais poderosa que...