sábado, 3 de maio de 2014

O Tempo (inexorável) risca meu rosto


Hoje, quase que por acaso, lembrei-me da poesia da Viviane Mosé. Percebi o quanto faz sentido:

Quem tem olhos pra ver o tempo soprando sulcos na pele soprando sulcos na pele soprando sulcos? O tempo andou riscando meu rosto com uma narvalha fina sem raiva nem rancor, O tempo riscou meu rosto com calma...



Percebi também, ao me olhar no espelho, que o Tempo (Senhor da eternidade) "andou riscando meu rosto"... Como não me recordar da grande Cecilia Meireles, na poesia RETRATO:

Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro.
Nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas.
Eu não tinha este coração que nem se mostra.
E não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil.
Em que espelho ficou perdida a minha face?



É obvio que não me sinto alguém tão velho, mas sinto, sem sombra de dúvidas, o peso cruel da passagem inexorável do Tempo (Senhor da eternidade) Este, me tem em suas mãos. O Salmo 90 belíssimo em sua composição poética diz:

Vers.5 Tu nosleva pelo rio da vida tão depressa
quanto um sonho, como a erva que nasce pela
madrugada, cresce durante a manhã e a tarde murcha e morre.
(...) e os anos se vão rápidos e tristes como um suspiro.

Quando sentimos o poder do tempo sobre nós, percebemos que tudo tem um toque de despedida... É como se dissésse-mos adeus a tudo que fazemos. Uma leve tristeza e melancolia me toma pela mão e me conduz por um caminho de nostalgia...
Medo da velhice? Não
Medo de morrer? Também não.
Pois, nas palavras do poeta:

 "O importante não é a chegada nem a partida e sim a travessia."

Nascer ou morrer não interessa... Não mais.



Nenhum comentário:

Postar um comentário