sexta-feira, 25 de julho de 2014

Um adeus ao mestre (Professor da vida)

15 set 1933 - 19 jul 2014
Que os relógios sejam parados, que os telefones sejam desligados,
Que se jogue um osso ao cão pra que não ladre mais, que o piano fique mudo e o tamboe anuncie a vinda do caixão e seu cortejo atrás.

Que os aviões, gemendo acima em alvoroço
escrevam contra o céu o anúncio: ele morreu.
Que as pombas guarden luto - um laço no pescoço
e os guardas usem finas luvas cor de breu.

É hora de apagar as estrelas - são molestas,
hora de guardar a lua, desmontar o sol brilhante, 
de despejar o mar e jogar fora as florestas...

[Estou de luto... Ele morreu]


W.H. Auden




quarta-feira, 25 de junho de 2014

Perdi minha alma

"Mas Deus lhe disse: louco esta noite pedirão tua alma..." Lc 12.20
"Pois que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder sua alma? Ou o que daria o homem pelo resgate de sua alma?" Mc 8.36,37


Perdi minh'alma não sei quando nem onde.
Ela me escapou pelos olhos.
Nanca a vendi, mesmo recebendo ofertas mil; simplesmente perdi.
Ela me escapou pelas mãos.
Me cobrarão por isso? Não sei quando nem onde, ela me escapou pela boca.

E o que sobrou de mim? Um corpo vazio? Um homem sem alma.

O que sobrou de mim? fui Eu: desalmado, não-amado, não amante...

Alguém sem alma
Cujo coração bate em outro peito.

terça-feira, 17 de junho de 2014

Súplica

Diga-me, mestre do universo,
Como viver sem alegria (...)

Ensine-me a morrer sozinho, 
sem incomodar meu vizinho (...)

Ou mostre, de uma vez, a rota
da alegria, após a derrota.


Alberto da Cunha Melo

Improviso do Amor-Perfeito

Naquela nuvem. naquela,
mando-te meu pensamento:
que Deus se ocupe do vento.

Os sonhos foram sonhados,
                                        e o padecimento aceito.
                                       E onde estás, Amor-Perfeito?

Imensos jardins da insônia,
de um olhar de despedida
deram flor por toda vida.

Ai de mim que sobrevivo
sem o coração no peito.
E onde estás, Amor-Perfeito?

Longe, longe, atrás do oceano
que nos meus olhos se alteia, 
entre pálbebras de areia...

Longe, longe... Deus te guarde
sobre o seu lado direito,
como eu te guardava do outro,
noite e dia, Amor-perfeito.

Cecília Meireles




quarta-feira, 11 de junho de 2014

Devaneios

Segue teu caminho que eu finjo que sigo o meu...


De vez em quando
Mergulho num Mar chamado tristeza
Nado em suas águas profundas, fria, escura (este mar não é azul) e salgada...
De vez em quando eu chego à outra margem
Se o abismo não me engolir...


Vou dar uma volta
E já volto
E não volto...
Nunca mais


Vi minha imagem no espelho
E tava tudo invertido
Olhava minha mão direita mas via a esquerda segurando a arma
Olhei a outra margem do rio
E me vi de pé, lá longe
E eu estava acenando 
Como se dissesse adeus...



Da próxima vez que eu for ao cemitério, me deixem lá.



Comparei meu coração com o teu e percebi o quanto são diferentes.



Dormir e não acordar!
Eis um desejo que me incomoda de vez em quando.



Que Deus não se importa comigo isto é fato.
Também, quando lhe dei motivos?



De que adianta qualquer esforço,
Qualquer paixão,
Qualquer sonho,
Se no fim estou seputado em teu coração?

Erivan Silva



segunda-feira, 9 de junho de 2014

O Dia em Que Decidi Morrer (A morte é onde mora a saudade)

Alexandre Afonso
"Nunca falta a ninguém um bom motivo para se suicidar"
Cesare Pavese


Assim foi com o Cb PM Alexandre. profissional que tive o prazer de conhecer e trabalhar. E hoje fiquei sabendo de sua partida; e mais: Ele mesmo quem decidiu o dia da sua morte. Assim, perdemos este grande profissional.

Assim, sem aviso prévio, o LUTO bate uma vez mais em minha porta...

Assim, sem que eu queira, meus pés me levarão novamente ao cemitério...

Me pego pensando numa frase de Schopenhauer: "todos nós temos uma sentença de morte." Então a diferença entre mim e ti, amigo de farda, é que foste primeiro. Eu vou depois... O que nos diferencia, neste exato momento, é o tempo.

Depois da triste notícia, peguei um livro na estante. Coincidentemente o título do livro é Superando a dor do Suicídio. Numa página qualquer, encontrei a seguinte citação: "O pior de tudo é que jamais poderemos perguntar ao suicida: 'Por quê?'" Apesar da pergunta ser inevitável a resposta não me interessa.

Eu sei que ninguém decide morrer do dia para a noite. O suicida vai morrendo aos poucos... A vida lhe é um peso; se considera um morto enterrado no seu próprio corpo, enterrado acima do chão. Palavras que estão associadas a suicídio: raiva, desânimo, falta de esperança, desamparo, falta de valor, depressão, medo, tragédia, mistério, vergonha, vingança, protesto, alívio da dor, busca por soluções, um grito por ajuda, um legado destruído, preguntas não respondidas, sonhos não realizados. erros, desespero, amargura...

Que momento sombrio nos aguarda? Citando Lya Luft: 

Na frente do rosto afivelei esta máscara
para que os outros me suportem:
atrás dela, o redemoinho
do sangue da solidão borbulha.
E a minha dor ferve em mim.

Embora a morte seja o sinal de igualdade na equação da vida, nem todos entram pelos seus portais da mesma maneira. Eduardo Galeano diz que cada ser humano entra na morte como melhor lhe parece. Alguns em silêncio, caminhando na ponta dos pés; outros recuando; outros ainda pedindo perdão ou licença. Há quem entre discutindo ou exigindo explicações, e há quem abra o caminho a pauladas e xingando. Há quem a abrace. Há os que fecham os olhos; há quem chore.

Rubem Alves nos diz o seguinte:

Já tive medo da morte. Hoje não tenho mais. O que sinto é uma enorme tristeza. Concordo com Mário Quintana: "Morrer, que me importa? O diabo é deixar de viver". Eram seis da manhã. Minha filha me acordou. Ela tinha três anos. Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginaria: "Papai, quando você morrer, você vai sentir saudades?" Emudeci. Não sabia o que dizer. Ela entendeu e veio em meu socorro: "Não chore que eu vou te abraçar..." Ela, menina de 3 anos, sabia que a morte é onde morar a suadade...

É amigo Alexandre, a morte é onde mora a saudade!

"Então é pecado
Arrojar-se à casa da morte,
Antes que a morte nos venha buscar?"
Shakespeare

Não é essa a nossa pergunta. A pergunta mais correta seria: Como conveiver com a saudade?

Encontrei alguns poemas do Manuel Bandeira. Deixo, registrado:

Canção do suicida

Não me matarei meus amigos.
Não o farei, possivelmente.
Mas que tenho vontade, tenho.
Tenho, e, muito curiosamente.

Com um tiro no ouvido, 
Vingança contra a condição
Humana, ai de nós! Sobre-humana
De ser dotado de razão.

A morte é onde mora a sudade; e a saudade mora em cada um de nós...

Adeus

...
...

Ou melhor:
Até logo



Eu Erivan Silva lamento e, agora, de luto contra uma saudade avassaladora.





sábado, 7 de junho de 2014

A linda mulher vazia

Uma mulher muito bonita costuma ser tão festejada e gratificada pela beleza que deixa de se esforçar. Sua segurança e sucesso são apenas superficiais e, quando a beleza acaba, ela sente que tem pouco a dar: não aprimorou a arte de ser uma pessoa interessante nem a outra arte, de se interessar pelos outros.

Schopenhauer diz que as mulheres muito atraentes, assim como os homens muito inteligentes, estão destinados a viver isolados. E que os outros ficam cegos de inveja e de raiva da pessoa superior. Por isso, esses dois tipos nunca tem amigos do mesmo sexo.

Trecho do livro A cura de Schopenhauer 


Milagres e ignorância

Os milagres só existem em função da ignorância dos homens. Nos tempos antigos, qualquer acontecimento que não pudesse ser explicado por meio de causas naturais era considerado um milagre e quanto mais ignorantes fossem as massas com relação ao funcionamento da natureza, maior seria a quantidade de milagres.

Como vai ser depois que morrer?

Eis uma pregunta que intriga a todos os seres humanos. Encontrei, porém, uma resposta que considero satisfatória:

"Depois da morte, você vai ser como era antes de nascer."

Nabokov, define a vida da seguinte maneira:

... Uma centelha de luz, entre duas trevas, a de antes do nascimento e a de depois da morte.

Schopenhauer diz:

De repente, o homem, surpreso, se vê existindo após centenas de anos de não existência. Ele passa um período vivendo, depois vem outro período igualmente longo em que vai deixar de existir.

Eu:

...milhares de anos (minha vida) milhares de anos...

Será a morte um sono sem sonhos? Um não existir absoluto? Penso que sim...


Quem Ama a Deus

"Aquele que ama a Deus verdadeiramente não deve desejar que Deus retribua a esse amor"

Spinoza

terça-feira, 27 de maio de 2014

Amar ou Depender?

Um adolescente enviou a seguinte carta para sua namorada:

Se você está ao meu lado, eu adoro, aproveito, fico feliz, alegra a minha alma; mas se não está, ainda que eu sinta a sua falta, posso seguir em frente. Posso aproveitar uma manhã de Sol, meu prato preferido segue me agradando (ainda que eu coma menos), não deixo de estudar, minha vocação segue de pé e meus seguem me atraindo. É verdade que sinto a falta de alguma coisa, que existe algo de intranquilidade em mim, que sinto saudades, mas sigo em frente, sigo e sigo. Fico triste mas não me deprimo. Posso continuar tomando conta de mim mesmo, apesar da sua ausência. Eu a amo, e você sabe que não é mentira, mas isso não quer dizer que não consiga sobreviver sem você. Aprendi que desapego é independência afetiva, e essa é minha proposta... Nada mais de atitudes possessivas e dominadoras... Sem deixar de lado nossos princípios, vamos nos amar com liberdade e sem medo de sermos o que somos.

Esse escrito encontra-se no livro do Walter Riso Amar ou Depender? Dada a importância desse livro e a condição existencial em que muitos se encontram, decidi transcrever um trecho.

Dependência afetiva é um vício

Depender da pessoa que se ama é uma maneira de se enterrar em vida, um ato de automutilação psicológica em que o amor-próprio, o auto respeito e nossa essência são oferecidos e presenteados irracionalmente. Quando a dependência está presente, entregar-se mais do que um ato de carinho desinteressado e generoso, é uma forma de capitulação, uma rendição conduzida pelo medo com a finalidade de preservar as coisas boas que a relação oferece. Sob o disfarce de amor romântico, a pessoa dependente afetiva começa a sofrer uma despersonalização lenta e implacável até se transformar num anexo da pessoa "amada", um simples apêndice. Quando a dependência é mútua, o enredo é funesto e tragicômico: se um espirra, o outro assoa o nariz. Ou, numa descrição igualmente doentia: se um sente frio, o outro coloca o casaco.

"Minha existência não tem sentido sem ela"; "Vivo por ele e para ele"; "Ela é tudo para mim"; "Ele é a coisa mais importante da minha vida"; "Não sei o que faria sem ela"; "Se ele me faltasse eu me mataria"; "Eu venero você"; "Preciso de você"; enfim, a lista desse tipo de expressões e "declarações de amor" é interminável e bastante conhecida. Em mais de uma oportunidade, as recitamos, as cantamos embaixo de uma janela, as escrevemos ou, simplesmente, elas brotam sem nenhum pudor de um coração palpitante e desejoso de transmitir afeto. Pensamos que essas afirmações são demonstrações de amor, representações verdadeiras e confiáveis do mais puro e incondicional dos sentimentos. De forma contraditória,a tradição tentou incutir em nós um paradigma distorcido e pessimista: o amor autêntico, irremediavelmente, deve estar infectado de dependência. Um absurdo total. Não importa como se queira argumentar, a obediência devida, a adesão e a subordinação que caracterizam o estilo dependente não são recomedáveis.

Desejo não é dependência afetiva

 A apetência por si só não chega a configurar doença do apego. O gosto pela droga não é só o que define o drogado, mas sua incompetência para largá-la ou tê-la sob controle. Abdicar, resignar-se e desistir são palavras que o dependente desconhece. Querer algo com todas as forças não é mau; transformar esse algo em imprescindível, sim. A pessoa dependente afetiva nunca está preparada para a perda porque não concebe a vida sem sua fonte de segurança e prazer. O que define a dependência não é tanto o desejo quanto a incapacidade de renunciar a ele. Se há síndrome de abstinência, há apego irracional.

O apego é a muleta preferida do medo, um calmante com perigosas contraindicações.

Lembre-se: o desejo move o mundo, e a dependência o freia. A ideia não é reprimir o desejo natural que surge do amor, mas fortalecer a capacidade de se libertar quando é preciso.

A independência afetiva não é indiferença

De forma errônea, entendemos a independência afetiva como sendo o endurecimento do coração, a indiferença ou a insensibilidade, mas não é assim. Desapego não é desamor, é uma maneira suadável de se relacionar cujas premissas são independência, dizer não a posse e não a dependência. A pessoa desapegada é capaz de controlar o medo do abandono, não considera que deva destruir a própria identidade em nome do amor, mas tampouco promove o egoísmo e a desonestidade. Desapegar-se não é sair correndo em busca de um substituto afetivo, tornar-se um ser carente de toda a ética ou instigar a promiscuidade. A palavra liberdade nos assusta, e por isso a censuramos.

Não podemos viver sem afeto, ninguém pode fazer isso, mas podemos amar sem nos escravizarmos.

A dependência afetiva desgasta e faz adoecer

Os ativo- dependentes podem se tornar ciumentos e hipervigilantes, ter ataques de ira, desenvolver padrões de comportamentos obsessivos, agredir fisicamente ou chamar a atenção de maneira inadequada, inclusive mediante atentados contra a própria vida. Os passivo-dependetes tendem a ser submissos, dóceis e extremamente obidientes para tentarem ser agradáveis e evitar o abandono. O repertório de estratégias de retenção, de acordo com o grau de desespero e a capacidade inventiva do dependente afetivo, pode ser diversificado, inesperado e especialmente perigoso.

O autor prossegue falando sobre a Imaturidade emocional, desta feita, assinala três manifestações da imaturidade:

(1) baixa tolerância ao sofrimento (2) baixa tolerância à frustração e (3) ilusão de permanência.

Até a qui tivemos uma breve introdução da excelente obra de Walter Riso. Meu propósito aqui foi somente levantar a questão, problematizar sem comentários adicionais e refletir sobre nosso própro relacionamento. É bem verdade que se você continuar até o fim a leitura do livro Amar ou depender? receberá lições preciosas de como se libertar da dependência afetiva. No mais, boa leitura...

domingo, 4 de maio de 2014

sábado, 3 de maio de 2014

O Tempo (inexorável) risca meu rosto


Hoje, quase que por acaso, lembrei-me da poesia da Viviane Mosé. Percebi o quanto faz sentido:

Quem tem olhos pra ver o tempo soprando sulcos na pele soprando sulcos na pele soprando sulcos? O tempo andou riscando meu rosto com uma narvalha fina sem raiva nem rancor, O tempo riscou meu rosto com calma...



Percebi também, ao me olhar no espelho, que o Tempo (Senhor da eternidade) "andou riscando meu rosto"... Como não me recordar da grande Cecilia Meireles, na poesia RETRATO:

Eu não tinha este rosto de hoje,
Assim calmo, assim triste, assim magro.
Nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo.
Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas.
Eu não tinha este coração que nem se mostra.
E não dei por esta mudança,
Tão simples, tão certa, tão fácil.
Em que espelho ficou perdida a minha face?



É obvio que não me sinto alguém tão velho, mas sinto, sem sombra de dúvidas, o peso cruel da passagem inexorável do Tempo (Senhor da eternidade) Este, me tem em suas mãos. O Salmo 90 belíssimo em sua composição poética diz:

Vers.5 Tu nosleva pelo rio da vida tão depressa
quanto um sonho, como a erva que nasce pela
madrugada, cresce durante a manhã e a tarde murcha e morre.
(...) e os anos se vão rápidos e tristes como um suspiro.

Quando sentimos o poder do tempo sobre nós, percebemos que tudo tem um toque de despedida... É como se dissésse-mos adeus a tudo que fazemos. Uma leve tristeza e melancolia me toma pela mão e me conduz por um caminho de nostalgia...
Medo da velhice? Não
Medo de morrer? Também não.
Pois, nas palavras do poeta:

 "O importante não é a chegada nem a partida e sim a travessia."

Nascer ou morrer não interessa... Não mais.



quinta-feira, 10 de abril de 2014

No fim, a solidão

Quanto mais o tempo passa, mais eu me convenço de que não existe fórmulas mágicas para se viver.

Não existem milagres nos quais acreditar... Não existe intervenção sobrenatural de Deus: Estamos só nesta vida; talvez com uma vaga ideia do que Deus realmente seja...

Não temos anjos da guarda
Me convenço que o nome de Jesus (embora o usemos) não cura as feridas da alma - nem do corpo - e que fé alguma move montanhas ou ressuscita mortos, por sincera que seja.

Me convenço que nem sempre a vida valha a pena ser vivida, e que a solidão, no fim das contas será nosso companheiro final; companheiro mais forte que a fé, a esperança e o amor...

No fim de tudo estaremos Só...




terça-feira, 8 de abril de 2014

A luta... O luto


A volta do cemitério é pior que a notícia da perda. Quando saímos do cemitério deixamos parte de nós  que lá ficou, para sempre sepultada. Rubem Alves diz que "depois da morte viramos artistas: a saudade se encarrega de construir uma imagem..." Que imagem guardarei de vocês, amigos?


Dia 06, abril 2014, domingo. Eu estava nostálgico, me sentindo estranho... Abri me face e escrevi algumas meditações. Assim diz a letra da música Dream on, Aerosmith: 

Toda vez que me olho no espelho
Todas estas rugas no meu rosto aparecendo.
O passado se foi,
Passou como o crepúsculo à aurora.
Não é assim?
Todo mundo tem suas dívidas na vida para pagar

Eu sei que ninguém sabe
De onde vem e para onde vai.
Eu sei que é o pecado de todo mundo
É preciso perder para saber vencer.


Talvez amanhã o bom senhor a levará.



Não penso que o Senhor os tenha levado. Pois a desgraça não lhe pertence... E o buraco que ficou em nossa alma não tem fundo. "Que memória guardar? Aquela do corpo morto? Não, queremos um outro corpo, aquele com quem continuaremos a conversar.


Com quem conversaremos, amigos se vocês são insubstituíveis?


A morte muda nossa visão e, incrivelmente do falecido só enxergamos as coisas boas...


São essas boas lembranças que guardarei com carinho, com intensa saudade num lugar especial de meu coração.


Eu sei, amigos que a vida é injusta e que nunca temos tempo de se despedir, por que se assim fosse eu queria os abraçar pela última vez: Digão, Eric, Luna...


Eu assisti o vosso nascimento. Peguei cada um de vocês no colo. Vi-os crescer de criança à adolescência... os vi tornarem-se homens... Assisti com tanto pesar vossa morte...


Assim como os carreguei no colo, carreguei vosso caixão com tanta dor que não é possível descrever.


Sei que quando eu sair de casa não mais os verei em frente "trocando ideia"... Sei que no fim do ano não os verei, não direi a vós outros "feliz ano novo" por que amigos, depois de uma perda tão cruel, nunca mais haverá "feliz", apenas "ano novo".


Vos garanto que, cada lágrima que derramamos não foi de saudade e sim de "por favor não vão, não digam adeus..."



Vocês existirão na memória viva daqueles que não os deixam morrer, dentro da alma... Vocês viverão, amigos, sempre rindo e brincado dentro de um universo que eu criei especialmente para vocês...

Saíram de nossa vida para morar eternamente em nosso coração...

Continuamos lutando contra o nosso LUTO

Adeus!! :(









sábado, 8 de fevereiro de 2014

Há quem acredite



“Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: precipita-te daqui...”
 
Já ouvi muito essa palavra, embora, no meu íntimo sempre questionei: Ora, alguém já fez isso alguma vez na história? Quantos montes já foram transportados pela fé de algum fiel?

Nas palavras de Nietzsche “(...) a fé não transporta montanhas, mas antes as põe onde não existiam.”

É complicado certas leituras literais que se faz do texto bíblico. Bultmann certa vez disse: “ Não se pode utilizar luz elétrica e aparelho de rádio, em casos de doença empregar modernos meios médicos e clínicos, e simultaneamente acreditar no mundo dos espíritos e dos milagres do Novo Testamento. E quem supor que o pode para sua pessoa, deverá se dar conta de que se declará-lo como a postura da fé cristã, estará com isso tornando incompreensível e impossível a proclamação cristã no presente."