domingo, 24 de fevereiro de 2019

Platão: a verdade, o amor

Platão: a verdade, o amor 

Esses dois mundos (sensível e supra-sensível), segundo Platão, embora separados, estão relacionados num sentido preciso: as coisas sensíveis imitam as ideias que lhes correspondem, do mesmo modo como um pintor imita em seu quadro a natureza. Como imitação, as coisas sensíveis são sempre imperfeitas, e isso explica por que o mundo sensível é variado e sempre em mutação.

Mas é também por essa relação de imitação que os homens, situados no mundo sensível, podem conhecer as ideias, como quem se lembra do modelo que foi tirada a cópia. Conhecer é assim reconhecer, lembrar-se das ideias que foram contempladas pela alma, mas esquecidas por causa do apego do corpo às coisas sensíveis. A alma possui essa capacidade de reconhecer as ideias porque de certo modo participa do mundo inteligível: como as ideias, ela é imaterial, incorpórea e impalpável, constituindo um elo de ligação que ainda mantemos com o inteligível.

Por fi, o despertar da alma para o mundo inteligível faz-se por um sentimento, que é o amor. Inicialmente, o amor é carnal (eros) e deseja um corpo belo, mas, aos poucos, passa a desejar a própria Beleza e o conhecimento da sua ideia. E o que pode haver de mais belo para o intelecto senão a Verdade?

O amor que deseja a Verdade é a própria filosofia (literalmente, "amor ao saber"). Platão ilustra os passos desse amor que deseja conhecer por meio da célebre alegoria da caverna, que abre o livro VII de A República.

Segundo essa alegoria, o mundo sensível é como uma caverna em que os homens se encontram acorrentados de tal modo que só podem olhar para as paredes escuras. Atrás deles há uma fogueira cuja luz projeta na parede sombras obscuras --- a única realidade, para esses homens. Mas um deles consegue escapar. Fora da caverna, a intensa luz do Sol ofusca-lhe a visão. Os olhos porém, acostumam-se à claridade e ele vê a verdadeira e bela realidade: o mundo inteligível. Maravilhado, não pode deixar de voltar à caverna, a fim de comunicar aos companheiros a sua descoberta. Mas eles não o compreendem. Riem e, depois, matam-no.

O filósofo que chega à verdadeira realidade tem uma missão: a de voltar à caverna, ao mundo sensível dos homens, mesmo que ali seja incompreendido. Afinal, viu a luz do Sol que ilumina toda a realidade; a luz que, ao possibilitar o conhecimento, proporciona também o conhecimento de como os homens devem agir. Conhecer, para Platão, é conhecer o Bem, a Ideia suprema que, como o Sol, ilumina as demais ideias, tornando-as compreensíveis.

Conhecer o Bem significa que finalmente é possível organizar a cidade não mais segundo as opiniões, mas tendo como base o verdadeiro conhecimento. Este mostra que a cidade depende de três funções: a satisfação das necessidades básicas dos habitantes, a defesa do território e, por fim, a administração. A população, por isso, deve ser dividida nessas funções, segundo a aptidão de cada um: uns serão agricultores e artesãos; outros, guerreiros e guardiões da cidade. Aqueles, por fim, que se destacarem nos diversos níveis progressivos de educação pelo verdadeiro conhecimento, devem dirigir a cidade. Por isso, diz Platão, na Carta VII: "Os males não cessarão para os homens antes que a raça dos puros e autênticos filósofos chegue ao poder". Uma conclusão talvez drástica mas inevitável para quem foi levado à filosofia pelo desencanto com a política cega dos homens.



*Extraído do livro História da filosofia (coleção Os Pensadores)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Correntes cruzadas: calvinismo x arminianismo

Genealógico: o decretum horribile no pensamento calvinista.
Por Erivan Silva


Entre o calvinismo e arminianismo existem implicações sérias que não foram e, provavelmente, nunca serão solucionadas. Ambas as correntes são defendidas e refutadas com ardor de acordo com a confissão de fé de cada um, porém, sem conclusão. Aqui escrevo na posição de ateu, portanto, nem uma linha de pensamento nem outra têm minha simpatia. O motivo é óbvio: se Deus não existe, não existe pecado, perdão, eleição, predestinação (não no sentido teológico dos termos) etc. O leitor pode se perguntar: porque um ateu apático às questões teológicas escreveria sobre? Escrevo, pois apesar de ser indiferente à estas questões, não o sou de todo. Me parece que a corrente calvinista amplamente aceita na igrejas reformadas, é um acinte contra pelo menos um dos atributos divinos: o amor, indo contra a própria divindade que pregam, i. é, um paradoxo em termos. Entendo o calvinismo como algo perverso desde sua gênese; a doutrina é a fruta podre de uma "metafísica violenta"[1]; vejo este conjunto doutrinário como uma corrente religiosa totalitária. Aqui, estou de pleno acordo com Hitchens quando escreve:

A projeção de Orwell mais imaginativa da ideia totalitária - o delito de "crime de pensamento" - era lugar-comum. Um pensamento impuro, para nem dizer herético, podia levar a pessoa a ser esfolada viva. (...)
Os totalitários religiosos de fato extremados, tais como João Calvino, que tomaram essa horrorosa doutrina emprestada de Agostinho, uma infinidade de castigos pode estar à sua espera mesmo antes de você nascer. Há muito tempo já foi escrito quais seriam as almas escolhidas ou "eleitas" quando chegasse a hora de dividir os carneiros dos bodes. E não existe recurso possível contra essa sentença primordial, e nenhuma boa ação ou profissão de fé pode salvar a pessoa que não foi afortunada o bastante para ser escolhida [2].

Calvino não era muito tolerante com dissidentes.

A Genebra de Calvino era o protótipo de um Estado totalitário, e o próprio Calvino um sádico, torturador e assassino, que queimou Servet (um dos grandes pensadores e questionadores da época) enquanto o homem ainda estava vivo.
(...) Calvino pode parecer uma figura longínqua para nós, mas aqueles que costumavam agarrar e usar o poder em seu nome ainda estão entre nós e estão por aí com os nomes mais delicados de presbiterianos e batistas. O impulso de banir e censurar livros, silenciar dissidentes, condenar forasteiros, invadir a esfera privada e invocar uma salvação exclusiva é a própria essência do totalitarismo [3].

 Dito isto, deixo explícito minha preocupação em entender um fenômeno religioso que tem desdobramento social; citando BUCK, assim escreve Keesing:

"Como antropólogo, vejo a religião como parte essencial da cultura de qualquer povo. (...) As coisas criadas pelo homem, com sua mente, e cultuadas no espírito, são tão reais para ele como as coisas materiais produzidas por suas mãos. (...) A crença no sobrenatural e na imortalidade da alma deve ser aceita como fato real, que determinou ação e resultados. Não me interessa se pode ser provada cientificamente. Como estudioso dos modos, costumes e pensamentos dos povos, interessam-me suas crenças"[4] (grifo meu).

O estudioso, independente de sua crença (ou não), tem a religião como objeto fenomênico. Segundo Habermas, "(...) o espaço fronteiriço entre a filosofia e a religião é um terreno minado. (...) Essa ambivalência também pode conduzir à atitude razoável de manter uma certa distância da religião, sem se fechar totalmente às suas perspectivas"[5]. Seguindo o conselho do filósofo alemão procuro não me fechar.
 O leitor pode não se dar por satisfeito e perguntar porque não refuto (ou tento refutar) racionalmente a existência de Deus? Sobre isso digo: "O que pode ser afirmado sem evidência também pode ser desprezado sem evidência"(Hitchens, 2016 p.229), em outras palavras, Deus não é racionalizável. Segundo Paul Tillich "qualquer Deus que venha a ser objeto de nossas argumentações a respeito de sua existência ou da negação dela, seria apenas uma coisa entre outras no universo" [6]. Ao se referir a Deus, Tillich utiliza o termo Ser-em-si. Vejamos:

O ser de Deus é o ser-em-si. Não se pode entender o ser de Deus como a existência de um ser ao lado de outros ou acima de outros. Se Deus é um ser, ele está sujeito às categorias de finitude, especialmente ao espaço e à substância. Mesmo quando é chamado de o "ser supremo" no sentido de o "mais prefeito" e o "mais poderoso", a situação não muda. Quando aplicados a Deus, os superlativos se convertem em diminutivos. Ao elevar Deus acima de todos os outros seres, eles o colocam no nível destes outros seres." [7]

Dito de outro modo: se não podemos compreender o divino racionalmente como pois entender os planos (propósitos) desse ser? A resposta automática que um cristão desprovido de crítica literária daria é a revelação de Deus através da Bíblia. Sobre isso posso dizer que a mesma Bíblia comporta argumentos contraditórios deixando em dúvidas sua inerrância. Ora, a diversidade teológica, doutrinária, dogmática (como sinônimos) são extraídos do mesmo livro sagrado. Alguém pode objetar lançando a responsabilidade sobre a hermenêutica bíblica. Contudo, a pressão não é aliviada. Fica latente a tensão teológica entre os guardiões da ortodoxia. Isso é bastante claro, vide por exemplo, as diversas traduções e versões bíblicas. Ou apenas uma está correta ou todas estão erradas, fico com a última opção.

O texto que se segue é uma genealogia do pensamento calvinista. Pretendo dividir em dois escritos: um genealógico que trata duma historicidade do conceito doutrinário; outro teológico-hermenêutico que utiliza a própria Bíblia como texto basilar-afirmativo e basilar-negativo para a mesma doutrina: Predestinação. Um mesmo texto com visões conflitantes é paradoxal. Longe de querer sanar o problema quero apenas expor as vísceras de uma doutrina desumanizante sem obrigatoriamente fazer apologia a seu espelho, i. é, a doutrina semipelagiana.
No Escrito Genealógico utilizo três intelectuais que tratam, ao seu respectivo modo, da questão calvinista, a saber: Karen Armstrong, Eric Voegelin, e claro, o clássico Max Weber.

Um Deus para os reformadores

Texto de apoio extraído do livro Uma história de Deus da historiadora britânica Karen Armstrong.

Em geral, Calvino é lembrado por sua crença na predestinação, que, na verdade, não era fundamental em seu pensamento, mas só se tornou crucial para o "calvinismo" após sua morte. O problema de conciliar a onipotência e a onisciência divina com o livre-arbítrio humano se deve a uma concepção antropomórfica de Deus. Os muçulmanos enfrentaram essa dificuldade no século IX, sem descobrir nenhuma saída lógica ou racional; ao contrário, acentuaram o mistério e a inescrutabilidade de Deus. O problema nunca perturbou os cristãos ortodoxos gregos, que gostavam do paradoxo e o viam como uma fonte de luz e inspiração, mais foi um pomo de discórdia no Ocidente, onde prevaleceu uma visão mais personalista de Deus. Fala-se da "vontade de Deus" como se ele fosse um ser humano, sujeito às mesmas limitações que nós, e governasse literalmente o mundo, como um rei terrestre. Contudo, a igreja Católica rejeita a ideia de que Deus predestina os condenados ao inferno por toda eternidade. Agostinho, por exemplo, aplica o termo "predestinação" à decisão divina de salvar os eleitos, porém nega que algumas almas perdidas estejam condenadas à danação, embora isso seja um corolário de seu pensamento. Calvino reserva pouco espaço ao tópico da predestinação nos Institutos. Quando olhamos à nossa volta, admite, realmente parece que Deus favorece algumas pessoas mais que outras. Por que umas respondem ao evangelho, enquanto outras permanecem indiferentes? Deus age de maneira arbitrária ou injusta? Não, responde Calvino: a aparente escolha de uns e rejeição de outros é um sinal do mistério de Deus. Não há solução racional para o problema, que parece  indicar inconciliabilidade entre o amor e a justiça de Deus. Calvino não se incomoda demais com isso, pois não se interessa muito por dogmas.
Todavia, após sua morte, quando os "calvinistas" precisaram distinguir-se dos luteranos, por um lado, e dos católicos por outro, Theodorus Beza (1519-1605), que fora o braço direito de Calvino em Genebra e que agora assumia a liderança, fez da predestinação a marca distintiva do calvinismo. Atenuou o paradoxo com a lógica implacável. Sendo Deus onipotente, o homem não pode contribuir em nada para a própria salvação. Deus é imutável, e seus decretos são justos e eternos; assim, ele decidira desde toda eternidade salvar alguns e predestinar os restantes à danação eterna. Alguns calvinistas se horrorizaram com essa doutrina. Nos Países Baixos, Jakob Arminius argumentou que esse era um exemplo de má teologia, pois fala de Deus como se ele fosse um ser humano. Mas os calvinistas achavam possível discorrer sobre Deus tão objetivamente quanto sobre qualquer outro fenômeno. Como outros protestantes e católicos, desenvolveram um novo aristotelismo, que acentua a importância da lógica e da metafísica e difere do aristotelismo de Tomás de Aquino, pois os novos teólogos não se interessavam tanto pelo conteúdo do pensamento de Aristóteles quanto por seu método racional. Queriam apresentar o cristianismo como um sistema coerente e racional, derivável de deduções silogísticas baseadas em axiomas conhecidos. Isso é profundamente irônico, pois todos os  reformadores haviam rejeitado esse tipo de discussão racionalista de Deus. A teologia calvinista da predestinação mostra o que pode acontecer quando o paradoxo e o mistério de Deus já são encarados como poesia, e sim interpretados literalmente com uma lógica coerente, porém terrível. Quando se começa a interpretar a Bíblia ao pé da letra, e não de maneira simbólica, inviabiliza-se a ideia de Deus. Imaginar uma divindade literalmente responsável por tudo que acontece na terra envolve contradições impossíveis. O "Deus" da Bíblia deixa de simbolizar uma realidade transcendente e tornar-se um tirano cruel e despótico. A doutrina da predestinação aponta as limitações desse Deus personalizado [8].  

Em outro livro, Karen Armstrong diz:

Zwingli e Calvino também se sentiram impotentes, antes de chegar a uma visão religiosa que lhes deu a sensação de renascer. Também se convenceram de que nada podiam fazer por sua própria salvação nem para minorar as tribulações da existência humana. Enfatizaram a soberania absoluta de Deus,  como fariam com frequência os fundamentalistas modernos. Assim como Lutero, tiveram de recriar seu universo religioso, valendo-se, às vezes, de medidas extremas e até mesmo de violência para que sua religião pudesse falar às novas condições de um mundo discreta mas irreversivelmente empenhado em transformações radicais [9].

O texto da historiadora nos serve de fundo histórico. O objetivo de tê-lo transcrito foi corroborar com uma genealogia da doutrina em questão. É certo que o embrião da assertiva dogmática encontra-se, provavelmente em Agostinho e, se formos radicais, seria possível rastreá-la em Aristóteles e Parmênides. Como não é o proposito uma historiografia exaustiva fiz um recorte arbitrário de particular responsabilidade.
Na leitura dos textos basilares, depreendemos:
i. Que a gênese da doutrina da predestinação e delimitada historicamente;
ii. Que a base doutrinária é fruto de uma interpretação literal da Bíblia;
iii. Em Calvino a doutrina da predestinação ganha maior desenvolvimento. "[Calvino] foi a pedra que os reformadores queriam para terminar o muro. Toda doutrina da igreja de confissão reformada, principalmente depois de Westminster, foi calvinista" [10].

Tanto a doutrina calvinista quanto a arminiana se mantém graças a crença na literalidade das Escrituras; em especial a historicidade de Adão e Eva. A narrativa do Gênesis não é visto como um mito entre outros mitos, e sim, como um acontecimento de fato. Assim sendo, as variantes doutrinárias sobre pecado encontram sua base em comum.

1. Pelágio (360-420 D.C.) foi um teólogo britânico, provavelmente de sangue irlandês. A teoria que leva o seu nome, pelagianismo, diz basicamente que o pecado de Adão afetou apenas a ele; que toda alma humana é criada por Deus imediatamente, e criada inocente, livre de tendências depravadas, e capazes de obedecer a Deus como o era Adão; que Deus imputa aos homens apenas os atos que eles fizeram pessoal e conscientemente; e que o único efeito do pecado de Adão sobre sua posteridade é o de ser um mau exemplo [11]. Outro ponto a ser destacado no pelagianismo sobre pecado: "O pecado é um ato e não existe fora do ato, como se fosse alguma suposta natureza depravada herdada. Os homens fazem de si mesmos o que são ao cultivarem atos pecaminosos" [12].

2. Armínio (1560-1609). Também conhecida como arminianismo ou semipelagianismo. Jakob Arminius foi um teólogo holandês. De acordo com essa teoria, o homem está doente. Como resultado da transgressão de Adão, os homens estão por natureza destituídos da retidão original e, sem a ajuda divina, são totalmente incapazes de obedecê-la. Como esta capacidade é física e intelectual, não voluntaria, Deus, como é de justiça, concede a cada indivíduo na aurora da consciência, uma influência especial do Espírito Santo, suficiente para anular o efeito da depravação que herdaram e para tornar possível a obediência, se cooperarem com o Espírito, o que eles são capazes de fazer. A tendência do homem para o mal pode ser chamada de pecado, mas não envolve culpa ou castigo. Certamente a humanidade não é considerada culpada pelo pecado de Adão. Somente quando o homem consciente e voluntariamente se apropria dessas tendências é que Deus lhe imputa como pecado [13]
3. Agostinho (354-430). De acordo com esta teoria, Deus, em virtude da unidade orgânica da raça em Adão, imputa o pecado de Adão imediatamente a toda sua posteridade [14]. É do pensamento agostiniano que Calvino encontra base para sua doutrina da predestinação.
Refletindo sobre o conceito de "pecado original", escreve Gondim:

Tal conceito [pecado original] é quase unanimidade entre os cristãos ocidentais. Questioná-lo não é tarefa fácil, admito. Considera-se que Pecado Original tenha nascido da pena do gigante Santo Agostinho. Ele cunhou o termo.
Quando Pelágio o enfrentou nessa questão, Agostinho ganhou o duelo. Os debates que envolviam liberdade e depravação definiram a teologia desde então. (...) Não é preciso dizer que Pelágio desceu no ralo da história como herege e Agostinho virou santo [15].

Esse embate entre Agostinho e Pelágio se repetiu alguns séculos depois, desta vez entre Calvino (os calvinistas) e Armínio (os arminianos ou semipelagianos como eram conhecidos).
Armínio e sua teologia eram polêmicos em todas as partes dos Países Baixos, bem como na Grã-Bretanha e em outros países onde a teologia reformada predominava ou tinha influência. (...) Em vida, Armínio e seus ensinos provocaram uma divisão tão profunda na comunidade reformada que o governo holandês acabou se envolvendo[16]. Com certeza Armínio foi um dos maiores teólogos da história porém injustiçado. É mal interpretado e avaliado mediante boatos advindo de informações espaçadas e superficiais. "A teologia de Jacó Armínio é desprezada tanto por admiradores quanto por difamadores[17].
Quando Calvino morreu, em 1564, toda a doutrina calvinista foi herdada por Teodoro Beza (1519-1605). Beza era chefe da academia de Genebra e professor, presidente do conselho dos Pastores, uma influência poderosa sobre os magistrados de Genebra e porta-voz e defensor da da posição protestante reformada. Armínio foi aluno de Beza por algum tempo. Posteriormente, é claro,  rejeitou as conclusões de Beza, mas talvez não o método escolástico. Beza é mais conhecido na história da teologia como um dos fundadores do tipo extremo da teologia calvinista conhecido como supralapsarianismo. Muitos escolásticos reformados, como Calvino enfatizavam que tudo que acontece, inclusive a queda de Adão e Eva e a eleição de alguns seres humanos para a salvação e de outros para a perdição, é determinado por Deus. Em outras palavras, esses dois teólogos suíços reformados afirmaram que nada acontece, nem pode acontecer, por acidente ou mesmo por contingência. Tudo que acontece fora do próprio Deus, acontece por decreto divino. Deus prediz o que vai acontecer, porque tudo é predestinado por ele e ele predestina porque decreta que assim seja por toda eternidade
[18].

Dois conceitos surgem como variações da doutrina calvinista:
i. Supralapsarianismo. Derivada do latim, supra, "antes", "acima", e lapsus, "lapso", "queda". De acordo com essa posição, o decreto divino da eleição teria ocorrido antes da queda de Adão e Eva, independente da mesma. Acredita-se que o decreto elegedor precede até a própria criação. A ordem típica dos decretos divinos, segundo o supralapsarianismo, é a seguinte: 1) O decreto divino de predestinar algumas criaturas à salvação e à vida eterna e outras à perdição e ao castigo eterno no inferno; 2) O decreto divino de criar; 3) O decreto divino de permitir que os seres humanos caiam  (lapsus) no pecado; 4) O decreto divino de fornecer meios para a salvação (Cristo e o Evangelho); 5) O decreto divino de aplicar aos eleitos a salvação (a justiça de Cristo).
ii. Infralapsarianismo. De igual modo, vem do latim, infra, indica subsequência a outra coisa, e lapsus, "queda". Esta posição é também conhecida como sublapsarianismo. A ideia por trás da palavra é que Deus não decretou a queda de Adão e seus descendentes, mas tão somente a previu. Isto posto, a eleição e a reprovação teriam ocorrido após o fato da queda no pecado, dependendo deste fato, mas não existindo por decreto divino antes da ocorrência. Portanto, a ordem típica no infralapsarianismo é a seguinte: 1) O decreto divino de criar o mundo e, nele, a humanidade; 2) O decreto divino de permitir a queda da humanidade; 3) O decreto divino de eleger alguns seres humanos à salvação e à vida eterna e de predestinar outros à perdição e ao castigo eterno; 4) O decreto divino de fornecer o meio de salvação (Cristo) aos eleitos; 5) O decreto divino de aplicar a salvação aos eleitos e deixar os réprobos (os predestinados à perdição) ao seu destino merecido.

Nosso segundo texto, encontra-se em Eric Voegelin, no livro História das ideias políticas. Vol. IV: Renascença e Reforma.

Sobre a doutrina da predestinação como tal, não há muito o que dizer. No Novo Testamento frequentemente encontramos expressa a ideia de que todos os homens são pecadores pelo Pecado Original e que, por razões inescrutáveis, Deus elegeu alguns deles para a salvação enquanto envia para a danação a grande massa, que não é pior que os eleitos. Deixando de lado requintes teológicos como as variantes supralapsariana e infralapsariana, a doutrina é clara e simples; é parte do sistema ortodoxo antes da Reforma, e tanto Lutero como Calvino a aceitam. A eficácia peculiar que a predestinação teve nas sociedades calvinistas não tem nada que ver com o conteúdo da doutrina; provém do emprego que Calvino lhe deu diante do impasse discutido.
(...)
A doutrina de Calvino de predestinação é uma interpretação falaciosa na medida em que desconsidera certas regras fundamentais de teologia fundamental. Já indicamos que Calvino não tinha nenhum "Sistema" e que a chave para compreender a predestinação está na má colocação da doutrina no contexto da fé. Devemos agora explicar brevemente a natureza dessa má colocação à luz da teoria dos símbolos, segundo Tomás e Platão. A doutrina da predestinação é parte da teologia no sentido mais estreito de uma teoria da natureza e atributos de Deus. Envolve proposições como "Deus elege alguns homens para salvação" e "Deus reprova homens". Proposições desse tipo combinam um sujeito transcendental (Deus) com predicados tomados da experiência imanente do mundo; as proposições que resultam dessa combinação não são proposições empíricas; são símbolos. Os predicados em tais proposições não devem ser tomados no sentido que tem num cotexto imanente do mundo ( como se, por exemplo, eleger fosse predicado de um homem);  eles tem de ser tomados analogicamente. Daí seja defeso teoreticamente introduzir tais símbolos como argumentos na discussão da experiência de fé; em particular, é defeso introduzir o elemento de necessidade relativa à predestinação. A necessidade, ou inelutabilidade dos decretos de Deus, surge especulativamente do problema da eternidade de Deus; porque Deus está fora do tempo, tudo o que ocorre no tempo está em presença eterna para ele; ele "sabe antecipadamente" o que vai acontecer porque para ele não é o futuro, mas sua presença; e à medida que ele é a prima causa, tudo o que acontece na distensão do tempo acontece por necessidade em sua causação eterna. "Scientia Dei est causa rerum" [a ciência de Deus é causa das coisas]. Essas especulações com relação a Deus, contudo, de maneira nenhuma atingem a estrutura da realidade como experiência do homem. A  necessidade especulativa de Deus não abole nem a contingência experienciada na natureza nem o livre-arbítrio experienciado no homem. A falacia de Calvino, então, pode ser definida como uma má interpretação de símbolos especulativos, pelos quais o teólogo tentam descrever analogicamente a relação do mundo com seu fundamento criativo, como proposições em oratio directa que se referem a um conteúdo de experiência humana imanente no mundo. A inclinação psicológica de entregar-se a falácias pode ter sido engendrada no caso de Calvino pela intensidade de uma experiência religiosa em que a vontade própria é obscurecida sob a irrupção de força transcendental, sob o impacto dessa experiência, seja ela de Lutero ou de Santo Agostinho; o liberum arbitrium é apto a aparecer como servum; a regeneração pela graça pode bater tão irresistivelmente que nenhuma liberdade humana parece permanecer. Mas o homem é ainda homem, e não uma essência perfeita. A discussão casuística de Calvino mostra que há surpresas reservadas para o homem que irrefletidamente supõe que a graça de Deus é uma causa empírica com efeitos garantidos. A explicação psicológica, no entanto, não abole a estrutura teorética objetiva do problema. Na doutrina de Calvino da predestinação estamos de novo diante das consequências do antifilosofismo; a confusão da época é parcialmente devida ao colapso da ordem do intelecto. E, pela efetividade de Calvino como um fundador religioso, sua desordem intelectual tornou-se até hoje a herança em amplos setores da sociedade ocidental [19].


A doutrina calvinista parte de uma "interpretação falaciosa, assim, temos um problema de hermenêutica levado às ultimas consequências. Vemos na teologia não um estudo do ser divino e seus predicados, mas, um estudo antropológico onde atributos humanos são elevados a infinitude. O mesmo problema aparece também aqui: conceitos que deve ser tomados analogicamente não o são, causando uma confusão doutrinária que arrasta atrás de si todo pessimismo antropológico.
Em Calvino, o antropocentrismo desloca-se para um teocentrismo. Há quem chame esse teocentrismo de "eleitocentrismo" já que estamos diante de uma tentativa de imanentização de um Deus transcendental, pregando-o em suas promessas na experiência do chamado, i. é, dos eleitos.

Esse pensamento perverso não encontra raiz nos ensinamentos de Cristo. "Jesus não fala sobre quantos seres humanos são pecadores; não desenvolve nenhuma teoria sobre se talvez todos o sejam, nenhuma teoria do pecado original"[20].
A questão calvinista levanta um problema existencial insolúvel onde temos culpados e condenados antes de qualquer ato; a preocupação em preservar a majestade e presciência. "Um ser realmente finito não possui a mínima ideia, e muito menos consciência, do que seja um ser infinito, porque a limitação do ser é também a limitação da consciência" [21].

Abrindo caminho a essa construção - que parece ter sido imposta mais pela situação histórica do que por uma experiência pessoal - deixa Deus crescer para as proporções formidáveis do déspota que, a seu prazer, mostra misericórdia com uns poucos, enquanto ordena a execução justa de danação para a massa,a fim de mostrar a majestade de sua onipotência e justiça [22].

Essa interpretação foi sedimentada na confissão de Westminster de 1647. Na Confissão, lemos:

Capítulo IX (da Livre Vontade), nº 3. O homem pela sua queda no estado de pecado, perdeu completamente toda habilidade de querer qualquer bem espiritual que acompanhe a salvação. De modo que, sendo o homem natural totalmente avesso a este Bem e morto no pecado, não é capaz, por seu próprio esforço, de se converter, ou de se preparar para tanto."
Capítulo III (do Decreto Eterno de Deus), nº 3. Por decreto de Deus, por manifestação de sua glória, alguns homens e anjos são predestinados à vida eterna, e outros são fadados à morte eterna".
"Nº 5. Aqueles, da humanidade, que são predestinados à vida, foram escolhidos por Deus antes da criação do mundo, de acordo com Seus eternos propósitos imutáveis, por secreta decisão e satisfação de Sua vontade com Cristo e em eterna glória, simplesmente por Sua livre graça e amor, sem qualquer antevisão de fé ou boas obras os perseverança em ambas, sem qualquer outra coisa na criatura como causa ou condição que O levassem a isso, e tudo para a exaltação de Sua gloriosa graça".
"Nº 7. Quanto ao resto da humanidade, foi do agrado de Deus, conforme a decisão insondável de Sua própria vontade, que asparge ou retém mercês conforme Lhe apraz, para a glória de Seu soberano poder sobre suas criaturas, dispensá-la e condená-la à desonra e à ira por seu próprio pecado, para louvor de Sua gloriosa justiça".
"Capítulo X (da Vocação Efetiva), nº 1. É do agrado de Deus chamar efetivamente, no tempo por Ele apontado e desejado, todos aqueles que Ele predestinou à vida,e só aqueles, pela Sua palavra e espírito [para fora daquele estado de pecado e de morte em que estão por natureza] [...] tomando-lhes o coração de pedra e dando-lhes um coração de carne; renovando suas vontades e determinando-os, pelo Seu poder Todo-Poderoso, para aquilo que é bom..."
"Capítulo V (da Providência), nº 6. Para aqueles homens malvados e sem Deus,a quem, por seus antigos pecados. Ele, como juiz imparcial, endureceu e cegou, não só reteve Sua graça pela qual poderiam ser iluminados em sua compreensão e acesos seus corações, como às vezes também lhes retirou os dons que possuíam, e os expôs a objetos tais que sua corrupção transformou em ocasiões de pecado; e deixo-os entregues à sua própria luxúria, às tentações do mundo e ao poder de Satanás: de modo que veio a ocorrer que eles endureceram até pelos meios que Deus usa para abrandar os demais" [23].

Diante da leitura acima fica, de fato, difícil acreditar nos planos de um Deus sádico que têm sérios problemas com seu ego já que tudo é para "Sua glória". Tudo o que Deus faz é correto, porque glorifica a Ele e, conforme Beza supostamente declarou: os que sofrem eternamente no inferno podem pelo menos se consolar com o fato de estarem ali para a maior glória de Deus (grifo meu) [24].
Se cada época elabora a sua própria imagem de Deus o século das reformas criaram um déspota. Não a toa escreve Milton:
"Embora eu possa ser mandado para o inferno por isso, uma tal vontade divina não obterá meu respeito" [25].

O Pai do Céu do Novo Testamento, tão humano e compreensivo, e que se regozija com o arrependimento de um pecador, como uma mulher com a moeda de prata perdida e reencontrada, desapareceu. Seu lugar  foi ocupado por um ser transcendental, além do alcance da compreensão humana, que com seus decretos incompreensíveis decidiu o destino de cada indivíduo e regulou os mínimos detalhes do Universo para a eternidade. E uma vez que seus decretos são imutáveis,a Graça seria tão impossível de ser perdida para aqueles a quem a concedeu como impossível de ser obtida para aqueles a quem negou. Essa doutrina, em sua extrema desumanidade, deve ter tido, acima de tudo, uma consequência para a geração que se rendeu à sua magnífica consistência: um sentimento de incrível solidão interior do indivíduo [26].

O próprio Calvino sentia o aspecto terrível dessa doutrina (decretum horribile).

"Fico me perguntando muitas vezes como é que a queda de Adão, independente de qualquer remédio, envolveu tantas nações arrastanto até crianças à morte eterna, apenas por causa da vontade de Deus... trata-se de um decreto horrível, confesso" [27].

(O texto carece de revisão e está incompleto)


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Notas


[1] Sobre a Violência Metafísica peço ao leitor qe verifique as obras do filósofo católico Gianni Vattimo, sobretudo sua obra mai conhecida Credere di credere - È possible essere cristiani nonostante la Chiesa? (publicada no Brasil pela aditora vozes com o título: Crer que se crer - É possível ser cristão apesar da igreja?). Solicito ao leitor que dê atenção ao capítulo cinco: Para além da violência metafísica. No capítulo em questão, lemos:

(...) Tentamos pensar o ser fora da metafísica do objetividade justamente por razões éticas; portanto, essas razões devem também nos conduzir na elaboração das consequências de uma concepção não metafísica do ser, como a ontologia do enfraquecimento. p.37

Citando Vattimo escreve Alessandro R. Rocha no seu livro Experiência e discernimento - recepção da palavra numa cultura pós-moderna:

A primeira Idade corresponde ao governo de Deus Pai e é representada pela Lei, pelo poder absoluto. Marcada pelo temro ao Deus "totalmente outro", pela escravidão à lei e, portanto, pela violência metafísica (...) no sentido de que não se abre para o diálogo, mas somente requer contemplação, adoração e obediência servil. Esta Idade está compreendida nos textos do Antigo Testamento. p. 191.

Chamo a atenção do leitor para o livro Nietzscheanismo (Editora Vozes), em especil o capítulo cinco: Nietzscheanismo e teologia. Lemos:

(...) Vattimo desenvolve uma leitura progressiva de Nietzsche e Heidegger que defende que esse esquecimento do Ser é, ele mesmo, a única esperança que nos resta para superar os problemas da metafísica. (...) Vattimo argumenta que a metafísica ameaça silenciar, violentamente, as vozes dissonantes (uma violência tornada possível pela pretensão a uma realidade objetiva e a uma verdade excluída que a representaria. p. 267

Sem querer cansar o leitor, deixo ainda duas obras para leitura futura, a saber:
i. ROCHA, Alessandro Rodrigues. Filosofia, religião e pós-modernidade: uma abordagem a partir de Gianni Vattimo. São Paulo. Ideias & Letras, 2014.
ii. VATTIMO, Gianni e PATERLINI, Piergiorgio. Não ser Deus - uma autobiografia a quatro mãos. Petrópolis - RJ. Editora Vozes, 2018.

[2] HITCHENS, Christopher. deus não é grande - como a religião envenena tudo. São Paulo.  Editora Globo S.A, 2016. p. 356.
[3] Idem p. 356.
[4] HABERMAS, Jürgen. O futuro da natureza humana. São Paulo. Ed. Martins Fontes, 2010. p 151-152.
[5] KEESING, Felix M. Antropologia cultural vol. II. Rio de Janeiro: Editora Fundo de Cultura, 1961. p.489.
[6] TILLICH, Paul. Teologia da cultura. São Paulo: Fonte Editorial, 2009. p 41.
[7] _____________. Teologia Sistemática. São Leopoldo RS: Editora sinodal, 2014 (7ª edição). p.242.
[8] ARMSTRONG, Karen. Uma história de Deus. São Paulo. Companhia das Letras, 2008. p. 353-355.
[9] ____________________. Em nome de Deus. São Paulo. Companhia da Letras, 2009. p. 99.
[10] JASEY, Túlio. Filosofia e teologia no século XXI: da gênese à contemporaneidade. São Paulo. Abba Press, 2004. p. 146.
[11] THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em teologia sistemáticas. São Paulo. Editora Batista Regular, 2001. p. 184.
[12] CHAMPLIN, R. N. Enciclopédia de Bíblia: teologia e filosofia vol. 5. São Paulo. Editora Candeia, 1997. p. 185. (Pelágio/pelagianismo II. 7)
[13] THIESSEN, Henry Clarence. Palestras em teologia sistemáticas. São Paulo. Editora Batista Regular, 2001. p. 184-5.
[14] Idem. p. 187.
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Sobre a doutrina agostiniana, convido o leitor a verificar LEIBNIZ:
[286] Quanto à predestinação da salvação, ela compreende também, segundo Santo Agostinho, o estabelecimento (ordonnance) dos meios que conduzirão à salvação. "praedestinaio santorum nihil aliud est, quam praecientia et praeparatio beneficiorum Dei, quibus certissime liberantur quicumque liberantur" (De persev., cap. 14). Ele não a concebe como um decreto absoluto; ele pretende que haja uma graça que não seja rejeitada por nenhum coração endurecido, porque ela é dada sobretudo para retirar a dureza dos corações (De prae., cap. 8, e De grat., cap., 13, 14). Contudo, eu não acho que Santo Agostinho expresse suficiente [o fato] que essa graça que submete o coração seja sempre eficaz por si mesma. E não sei se poderíamos sustentar, sem o chocar, que um mesmo grau de graça interna é vitorioso em um, o qual é auxiliado pelas circunstâncias, e não o é em outro.
LEIBNIZ, Ensaios de teodiceia - sobre a bondade de Deus, a liberdade do homem e a origem do mal. São Paulo. Estação Liberdade, 2013. p. 336-337.

[15] GONDIM, Ricardo. Direto ao ponto - Ensaios sobre Deus e a vida. São Paulo. Doxa Produções, 2009. p.72.
[16] OLSON, Roger. História da teologia cristã - 2000 anos de tradição e reformas. São Paulo. Editora Vida, 2001. p.465.
[17] Idem, p. 466.
[18] Idem, ibidem, p. 467.
[19] VOEGELIN, Eric. História das ideias políticas (vol. IV - Renascença e reforma). São Paulo. É Realizações Editora, 2014. p. 317 e 335-6.
[20] BULTMANN, Rodolf. Jesus. São Paulo, Editora Teológica, 2005. p. 196.
[21] FEUERBACH, Ludwig. A essência do cristianismo. Petrópolis - RJ. Editora Vozes, 2007. p. 36.
[22] VOEGELIN, Eric. História das ideias políticas (vol. IV - Renascença e reforma). São Paulo. É Realizações Editora, 2014. p. 334.
[23] WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo. Editora Martin Claret, 2006. p.84-85.
Aqui sigo as citações conforme o sociólogo alemão uma vez que não disponho da Confissão de Westminster.
[24] OLSON, Roger. História da teologia cristã - 2000 anos de tradição e reformas. São Paulo. Editora Vida, 2001. p.470.
[25] WEBER, Max. A ética protestante e o espírito do capitalismo. São Paulo. Editora Martin Claret, 2006. p. 85.
[26] Idem,ibidem, p.87.
[27] TILLICH, Paul. História do pensamento cristão. São Paulo. Editora Aste, 2015. p. 265.