domingo, 26 de agosto de 2012

Os Sofrimentos do jovem Werther


Já faz algum tempo que li o livro Os sofrimentos do jovem Werther do escritor alemão Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832). Ontem, folheando o livro, deparei-me com algumas frases e textos inteiros que eu havia grifado (riscar, e sublinhar textos de livros é uma característica da minha forma de leitura).

Entre os textos que havia grifado encontrei alguns como esse:

Nossa imaginação, que por natureza tende a se elevar, alimentadas pelas fantásticas imagens da poesia, cria uma porção de seres, dos quais somos os mais insignificantes, e tudo que está fora de nós parece magnífico, a passamos a considerar qualquer outra pessoa mais perfeita. Isso é absolutamente natural: sentimos frequentemente que nos falta muitas coisas e temos a impressão de encontrar precisamente o que nos falta nos outros indivíduos, aos quais, aliás, atribuímos o que possuímos e, até mesmo, certa graça idealizada. Assim é que o homem feliz, no final das contas, é uma invenção nossa. (pág 81,82)

E frases como essas:

Portanto, aqui não se trata de saber se um homem é forte ou fraco, mas se é capaz de suportar a medida de seu sofrimento... (pág 63)

As crianças não sabem o motivos de seus desejos, apenas querem as coisas... (pág 20)

As coisas belas da vida são como flores feitas de ilusão. (pág 71)

O jovem Werther, apaixonado pela jovem - que era noiva de outro - acordava com o seguinte pensamento:
(...) vou vê-la; e, então, contemplo o Sol resplandecente. Vou vê-la! E durante todo dia já não tenho outros desejos. Tudo, tudo se absorve neste pensamento: vou vê-la! (pág 53)

Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832)

Porém, o texto que mais me chamou atenção nesse meu folhear esporádico, é este que segue:

É como se o palco da vida infinita se descortinasse diante de minha alma, e eu ali avistasse apenas um túmulo abismal eternamente aberto. Você pode dizer: "É isso mesmo!" E quando tudo passa? Quando tudo se precipita com a rapidez do raio, quando a força de seu ser se aniquila, e você se vê, ah!, arrebatado, arrastado pela torrente, esmagado contra os rochedos? Não há momento que não os destrua, a você e aos seus; não há momento que não produza, em você próprio, um destruidor. O mais inocente passeio custa a vida de milhares de pobres insetos; um só de seus passos arruína o paciente labor das formigas e enterra um mundo inteiro em um túmulo indigno. Ah! O que me comove não são as grandes e raras catástrofes do mundo, essas inundações, esses tremores de terra que devoram as cidades; o que me dilacera o coração é a força destruidora que está oculta no ventre da natureza, e nada produz que não destrua o próximo e não se destrua a si mesma. E, assim, prossigo claudicante minha angustiosa caminhada, rodeado pelo céu, pela terra e por suas forças ativas: avisto apenas um monstro que devora e rumina eternamente. (pág 68-69)

Sobre o romance

O romance causou profunda impressão na sua época, e seu lançamento foi seguido por uma verdadeira "Weethermania" : aspirantes de Werther trajavam seu paletó azul e seu colete amarelo característicos. Surgiu até uma água-de-colônia Werther e porcelanas retratando cenas do romance. Conta-se também que suicídios inspirados na obra alarmaram Goethe, pois sua descrição de Werther foi mais crítica do que laudatória. O romance foi amplamente revisado em 1787 para uma segunda edição, que se tronou a base da maioria das edições modernas.

Werther revela o abismo entre o desejo de uma vida intensa e livre e o mundo exterior, marcado pelas regras sociais que sufocam seus sonhos. Fazendo uso da forma epistolar, Goethe pode passar por diversos temas que o atraíam: a relação entre arte e natureza, o afastamento da burguesia em relação às pessoas comuns, visto, inclusive, de maneira ambígua, reflexões sobre o suicídio, a paixão pela poesia, os preconceitos de classe, a força do amor intenso e aniquilador, etc. São esses alguns dos elementos que fizeram de Werther o herói de toda uma geração.

Tenho a impressão que devo reler essa magnifica obra... Se você ainda não leu, sinta-se devedor de si mesmo. Boa leitura!


Erivan


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