sábado, 5 de setembro de 2015

Onde está o humano no cristão?

Por Erivan Silva

O cristão em sua febril busca por perfeição se desumaniza a cada ato, a cada ritual... "Sede perfeitos como perfeito é vosso pai que está nos céus." O crente seguramente acredita que está seguindo um pessoa. Mas, na verdade, se converteu à uma ideia e desde então a nutre e a segue personificadamente. O apóstolo Paulo a certa altura de sua carta aos filipenses, chega a afirmar: "Não que eu já o tenha alcançado [ressurreição] ou que já seja perfeito, mas prossigo para ver se o alcanço, pois que também já fui alcançado por Cristo Jesus." Para quem conhece as cartas paulinas sabe que ele pregava a ressurreição do corpo; ressurreição de um corpo perfeito, incorruptível. Em outras palavras, Paulo acreditava que com a ressurreição do corpo viria a perfeição. Agora, o que em suma significa ser perfeito é uma questão que a Bíblia não deixa claro. E, além do mais, a experiência nos mostra que humano algum é perfeito, e que o erro (pecado para os cristãos) é até necessário para o aprendizado e o desenvolvimento humano.

Onde está o humano que se manifesta no cristão quando este nega sua própria sexualidade, nega seu corpo, nega sua (única) vida em nome de uma ideia/anseio que ele chama de Deus ou Jesus?

Nietzsche acertadamente pergunta: Que validade tem, afinal de contas, ser cristão se este vive ameaçado pela terrível punição de ser excluído da presença de Deus se não se comportar "bem"? Se não se enquadrar na sua "moral"?

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