terça-feira, 3 de outubro de 2017

O finito e o (in)finito

¨Ver um Mundo num Grão de Areia
E o céu numa Flor Silvestre,
Ter o Infinito na palma da sua mão
E a Eternidade numa hora¨


WILLIAM BLAKE




O Deus que adoro ainda é desconhecido

Como eu poderia me referir a Deus? Como a mente humana concebe o divino? Como a fé se desenvolve? Cada uma dessas perguntas dizem respeito ao finito (quem pergunta), no caso os humanos dotados de consciência; dizem respeito também ao infinito (o objeto da pergunta). São perguntas cujas respostas são transcendente. Respondê-las não é tarefa fácil, nem é meu objetivo nessa reflexão. Apenas provocar.
 Nós, herdeiros da cultura judaico-cristã, adoramos um Deus com personalidade judaica: portanto, sem nome nem face; sem representação legítima de seu Ser. Adoramos o Eterno Abstrato.

Quem era esse Deus israelita e qual era o seu nome? O fato curioso é que ninguém sabe. Ha diversos nomes para Deus na Bíblia dos hebreus, e talvez originalmente eles se referissem a deuses diferentes. Mas existe um nome principal: JHWH. Não há vogais na língua hebraica escrita, de forma que se deve adivinhar quais estariam entre as consoantes. Elas são chamadas de tetragrama (as ¨quatro letras¨), e, depois de cerca de 300 anos a. c., o nome nunca foi pronunciado, pois era considerado sagrado demais. Em vez disso, adotou-se o circunlóquio ¨Adonai¨, a palavra hebraico para ¨Senhor¨. Na idade média, as pessoas tentaram inserir as vogais de ¨Adonai¨ entre as consoantes JHWH. O resultado foi ¨Jeová¨, uma palavra totalmente inventada e que qualquer judeu respeitável jamais pensaria em pronunciar. Podemos estar certos de que, qualquer que tenha sido o nome desse deus, não era Jeová. A maioria dos estudiosos aponta para Javé, que é uma palavra que, pelo menos, parece hebraico.


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