terça-feira, 3 de outubro de 2017

PENSAMENTO E LIBERDADE EM ESPINOZA - Resumo do discurso do prof Claudio Ulpiano

Dois temas que serão trabalhados: pensar Espinoza na questão liberdade e servidão; por outro lado Espinoza e as questões da ciência.

A questão da liberdade e da servidão é central em Espinoza. Central e surpreendente. Quando Espinoza pensa a questão da liberdade ele não articula com nenhuma das filosofias ocidentais. Ele se opões  todas as outras concepções que temos de liberdade. A liberdade em Espinoza é uma grande surpresa para o historiador da filosofia. Nós os ocidentais entendemos a ideia de liberdade tomada dos gregos, i. é, de Platão, de Aristóteles, e quando passamos para a modernidade nos apegamos a Kant. Espinoza se opõe violentamente contra esse padrão de pensamento.

A obra do Espinoza pode ser dividida em duas: de um lado Deus de outro os homens. Quando pensa Deus rompe com a teologia tradicional: este é pensado com transcendente. Para Espinoza deus é imanente. Deus é produtivo não criador. Deus ou natureza é tudo aquilo que produz. a produção de tudo o que existe aqui.
Ao se preocupar com o problema da liberade ele a liga a causa. Deus seria uma causa ativa. pois liberade se opões ao constrangimento. Deus portanto não é constrangido por nada.

Já os homens entre eles e as coisas são constrangidos pelas causas externas. Não há possibilidades de os homens serem livres pois são coagidos por causas forças que vem de fora. Ação e paixão dotam os homens... as forças que vem de fora que os constitui. O homem enquanto tal é apaixonado. Então o homem é prisioneiro da servidão. É livre aquele ser que efetua a  sua natureza. 
Os homens seriam como um grande oceano cercado por ventos contrário. as ondas que se formam são dos ventos e não do oceano. Então Espinoza se pergunta se em alguma ação o homem pode ser livre.
Ser livre é ser a causa ativa das suas próprias ações.
Deus é livre por que nada o constrage ao homem está impedida a sua liberdade, pois é constituido por forças que vem de fora.
o homem pode ter sua vida conduzida por forças que vem de dentro? Nietzsche a chamará de vontade de potência 200 anos mais tarde. o homem só seria livre se tiver sua ação pelas forças que vem de dentro.

Só ha liberdade se a sua vida for produzida por você mesmo. Aquele que não pode efetuar sua própria natureza está prisioneiro das forças que vem de fora.

Passando pelo campo epistemológico:

Espinoza fala da existência de três gêneros do conhecimento.
O homem está articulado com esses três:
1. gênero da experiência vaga ou da consciência. Para Espinoza isso que chamamos de consciência é apenas o resultado dos nossos corpos em relação a natureza. Ou seja, o meu corpo a minha vida não para de se encontrar com outros corpos e com outras vidas. nesse encontro de corpos o meu corpo vai receber marcas/ signos/ letras; minha consciência é resultado dessas interações, logo a consciência é da servidão... ela é um resultado de forças de fora, portanto apaixonado. ( ex. a criança se constitui por forças que vem de fora. Essa consciência vai gerar todas as tormentas dela mesma e preciso produzir a liberdade desses fantasma para isso é preciso chegar no terceiro gênero de pensamento)

2. gênero da razão - é uma pratica em que o homem tem atividade... se relaciona com a natureza; capacidade de conhecer o que está do lado de fora. Mas este conhecimento não permite que o homem seja criador, mas apenas conhecer a realidade.

3. gênero - ciência intuitiva. É o poder de invenção e de vigor do conhecimento humano. Ele inventa e cria. objetiva produzir novos modos de vida. Produz o novo. Não está aqui para buscar o que é melhor para os homens mas ultrapassar aquilo que é. É preciso criar algo novo para avançar na vida; é outra maneira de existir - este se liga com a concepção de liberdade; liberdade e pensamento. Pensamento relacionado com pensamento. (Espinoza vai aqui romper com toda a natureza como modelo - se você quiser entender a natureza não queira dar conta da natureza nem encontrar significados - ela é forças, caos, relação de forças, poder, intensidade... não é mais significar a natureza ela não tem significação alguma, mas produzir uma outra vida, i. é, o novo) - a filosofia é esse terceiro gênero de conhecimento. Ela é uma ética que produz uma vida superior)

Liberdade e pensamento é a grande questão do Espinoza.
o que Espinoza está objetivando é a produção de um tipo de vida da liberdade de obter um pensamento; a força maior da vida é o pensamento.

Vamos pegar os spinozistas:
não existe uma obra do Espinoza mas processos spinozistas. Toda obra é assim, não é aquilo que ela é, mas aquilo que ela se torna. vejamos que novo pensamentos que ela produz para de fato ser espinozista.

1. Foucaut
2. Saint Yller
3. Deleuze

1. Foucaut - tem uma obra bem criticada. Ele retorna à Grécia no fim da vida. Ele vai trazer alguma coisa de novo da antiguidade. seu investimento teórico do séc. IV e V é que o grego traria uma questão: preocupação de produzir uma vida livre.
O grego tem duas práticas dentro da existência dele: ele se preocupa em organizar sua cidade, produz as suas leis; o grego acha e executa a economia da sua cidade. Administrar a cidade e a economia da cidade. Ora, como eu vou administrar a minha cidade e a minha casa/economia se eu não tiver poder sobre mim mesmo? Ele libera a questão de o poder sobre si próprio ou seja, liberdade: relação agonística de si consigo próprio, ou seja, ele traz dentro de si um conjunto de forças... ele precisa se realizar a si próprio com uma luta em si próprio. As forças ativas e forças reativas. Um homem só é livre se ele se realizar a si como um campo de batalha. Essas forças ativas produzem uma vida livre... quando as forças ativas vencem as outras forças.
A estética do grego é produzir uma vida bela
quando o terceiro gênero produz
quem dirige a sua ida é você mesmo/ quando as forças vem de você mesmo; isso seria liberdade.
É bom lembrar que Foucaut é espinozista neste sentido. A originalidade do Foucaut é que ele se preocupa com a formação da subjetividade do sujeito na Grécia. Ele abandona as pesquisas tradicionais; ele entende que essa prática é uma invenção grega. Isso não é campo de saber mas campo de poder. Se os gregos inventaram a relação de si para consigo de onde inventaram isso? individuação e identidade foram invenções gregas. (nós entregamos a vida de um lado a deus, de outro a moral, mas basta entregá-la às forças.

2. Saint Yller- começa a pensar a vida, e libera uma ideia chamada anatômico, em termos de forças abstratas que estariam por baixo da carne que fazem a vida ser vida. (forças sub atômicas) pensar a vida sem modelos significativos pois a vida é um campo de forças e nada mais. Só o terceiro gênero dará conta desse mecanismo sobre a vida. Espinoza é um pensador que pensa corpos; corpos que se encontram e alimentam a força ou a diminuem... Espinoza chama de territórios afetivos. Espinoza pensa a liberdade em alto nível. Hoje em dia é muito pobre achar que somos regidos livremente pela consciência. Há outros atores em cena: o desejo, o inconsciente, as angústias... a subjetividade da vida e ser dominado pelas marcas infantis, os mitos, os fantasmas. A natureza é força e a consciência é resultado dela.

Aula de filosofia tem que ter responsabilidade ou não vale nada - tem que produzir modificação - aula de filosofia é algo seríssimo é uma máquina de guerra - tem que produzir a diferença. Não devemos banalizar a filosofia.

Segundo Espinoza a vida talvez ainda não tenha começado neste planeta.
Nossas vidas são determinadas pela consciência, se tornam vidas tão vazias tão opacas que estamos desejando a morte pelo amor de Deus.

O texto acima foi por mim transcrito de um áudio antigo que encontrei. O reproduzi conforme meu entendimento, sendo qualquer erro de minha particular responsabilidade.
Erivan Silva

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