domingo, 13 de novembro de 2011

Canção do suicida


Não me matarei, meus amigos.
Não o farei, possivelmente.
Mas que tenho vontade, tenho.
Tenho, e, muito curiosamente,

Com um tiro. Um tiro no ouvido,
Vingança contra a condição
Humana, ai de nós! Sobre-humana
De ser dotado de razão.

Manuel Bandeira, 1965

leitura recomendada

Suicídio - Causas, mitos e prevenção.
Hernandes Dias Lopes. Ed. Hagnos
TRECHO: "Caminhamos céleres para a autodestruição, e o foco do homem está no salvar a si mesmo. Envolver-se, proteger, livrar e cuidar são atitudes cada vez mais egocêntricas. Que importa a morte de mais um numa sociedade em que morrer violentamente, seja de que forma for, homicídio ou suicídio, é uma rotina diária na vida das pessoas? Uma anestesia emocional acometeu nossa sociedade capitalista, egocêntrica e desumanizada. Vivemos um paradoxo, pois, embora possamos produzir cada vez mais os meios de salvar as pessoas de sua enfermidade, também cada vez mais vemos o adoecimento com suas múltiplas expressões de sofrimento e dores, principalmente da alma. O suicídio, hoje, segundo os estudiosos, é uma expressão radical de uma crise de despersonificação. O mundo contemporâneo assumiu abertamente suas tendências destrutivas.
"E o que dizer dos estudos que mostram que o suicídio funciona como um estímulo a outros, principalmente numa sociedade que gera desesperança para o homem? E que considera a autodestruição como a solução para o desespero humano? (...) Além dos suicidas, existem também dois milhões de pessoas que todos os anos tentam sem sucesso matar-se. (...) Um suicida contamina psicologicamente outras cinco pessoas".
Pág. 12,13

A separação dos amantes
Igor Caruso. Ed. Cortez
TRECHO: "Aliás, veremos como a separação amorosa e a morte são cúmplices: a primeira se apresentará como precursora e símbolo da segunda. Ou seja, estudar a separação amorosa significa estudar a presença da morte em nossa vida."
Pág.12

O Deus selvagem - Um estudo do suicídio
A. Alvarez Ed. Cia das letras
TRECHO: "A depressão suicida é uma espécie de inverno espiritual, gelado estéril, imóvel. Quanto mais rica, amena e agradável a natureza se torna, mais intenso parece esse inverno interior, e mais profundo e intolerável o abismo que separa o mundo inteiro do externo." Pág. 93
"Um consolo vos pode alimentar,
Amantes ausentes sempre estão dentro um do outro" Pág.113

Superando a dor do suicídio - como encontrar respostas e conforto quando alguém que amamos tira a própria vida
Albert Hsu. Ed. Vida
TRECHO: "A voz do outro lado parecia muito estranha, uma mistura de uivos com soluços. Quem seria? Era engano? Daí percebi que era minha mãe, histérica. Sua voz estava bloqueada pela emoção, pelo terror e pela dor.
'Papai suicidou-se' - Gemeu ela" Pág. 19
" o suicídio não acaba com a dor. 
Ele apenas a coloca debaixo das asas quebradas dos sobreviventes" Pág. 18
"O suicídio é uma triste realidade no mundo. A cada ano milhares de pessoas tiram a própria vida e deixam um rastro de sofrimento e emoções conflitantes. Parentes e amigos ficam chocados e passam por um profundo trauma emocional. Começam a fazer perguntas de difícil respostas: 'Porque isso aconteceu? Porque não percebemos antes? Poderíamos ter feito alguma coisa para evitá-lo? Como podemos seguir em frente?'"

Os sentidos da morte
John Bowker. Ed. Paulus
TRECHO: "Aqui jaz Regina, sepultada em túmulo tão belo,
que movido pelo amor a ela seu esposo ergueu...
Ela viverá de novo, ela retornará a luz,
porque ela pode esperar a ressurreição naquela eternidade
que é prometida com absoluta segurança para os que são 
dignos e piedosos" Pág. 86

O Deus que conheço
Rubem Alves - Ed. Verus
TRECHO: "Já tive medo da morte. Hoje não tenho mais. O que sinto é uma enorme tristeza. Concordo com Mário Quintana: 'Morrer, que me importa? O diabo é deixar de viver'. A vida é tão boa! Não quero ir embora...
 Eram seis da manhã. Minha filha me acordou. Ela tinha 3 anos. Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginara: 'Papai, quando você morrer, você vai sentir saudades?' Emudeci. Não sabia o que dizer. Ela entendeu e veio em meu socorro: 'Não chore que eu vou te abraçar...' Ela, menina de 3 anos, sabia que a morte é onde mora a saudade. A montanha encantada dos gansos selvagens.
 Cecília Meireles sentia algo parecido:
Pergunto se este mundo existe,
e se, depois que se navega,
a algum lugar, enfim, se chega...
- O que será, talvez, mais triste.
Nem barca nem gaivota:
somente sobre-humanas companhias..."Pág.37

Eu aqui sob a terra,
Tu aí, sob o Sol
Só a terra nos separa...
Que agora faz parte de mim
Que logo fará parte de ti.
Por enquanto: Celebra a vida.
                                       ERIVAN

Nenhum comentário:

Postar um comentário