sábado, 19 de novembro de 2011

O que Há de valioso no PÓS-MODERNISMO?

 Temos a seguir quatro coisas que o pós-modernismo diz que devemos valorizar:
(1) A interpretação não é neutra ou objetiva, como frequentemente retratamos. Todos temos conceitos que influenciam a maneira como lemos os textos. O modo como construímos nossa percepção da realidade e como ela nos foi legada influencia a leitura dessa realidade. Essa é a razão principal, entretanto, de ter a Bíblia e Deus por trás dela, nos desafiando com uma perspectiva que não está enraizado em nosso contexto e cultura. É por isso que necessitamos de uma exegese historicamente fundamentada e de uma reflexão hermenêutica em nossa leitura. Antes de confiarmos na verdade encontrada em um texto, devemos ter o cuidado de nos certificarmos de que estamos lendo da maneira apropriada.

(2) Comunidades, não somente indivíduos, têm problemas de interpretação. Porém, essa observação também abre a porta não somente para sermos mais sensíveis às leituras de uma comunidade ou de uma época específica (por exemplo a atual), mas também para considerar leituras feitas por toda a história da igreja e das comunidades que dela fizeram parte. Um dos perigos do pós-modernismo é que somente as leituras contemporâneas são analisadas. As comunidades do passado geralmente são excluídas. Mas nossa solidariedade com o corpo de Cristo através dos tempos nos alerta para não sermos tão míopes cronologicamente.

(3) É importante examinarmos determinado assunto simultaneamente de diferentes ângulos ou camadas. Cada ângulo tem seu valor. Essa observação significa que algumas discussões sobre tópicos não são unilaterais ou mono-cronológicas. Muitos dos debates teológicos atuais mostram cada lado trabalhando somente com uma camada da discussão, correndo o risco de contrapor uma camada com a outra. Em alguns casos, as duas camadas defendidas são bíblicas, portanto, a questão é como relacionar consistentemente os fragmentos nos quais cada lado se baseia.

(4) O significado de perversão e nossos meros limites humanos é dizer que nem tudo que vemos está aí pra ser visto. Quer dizer, nossas interpretações não estão automaticamente corretas, embora sejam bem intencionadas e fundamentadas metodologicamente. É por isso que a interpretação necessita de testes e de interação com a comunidade, sem falar na necessidade de um período de pausa, antes de canonizarmos uma expressão específica de doutrina. Esse movimento de "canonização", quando necessário (e há momentos em que é necessário), precisa ser feito com muitíssimo cuidado e paciência.

Voltarei a esta temática posteriormente, aguarde!

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