terça-feira, 15 de novembro de 2011

A Insustentável Leveza do Ser



Cena do filme
"Se o eterno retorno é o mais
pesado dos fardos, então
nossas vidas se contrapõem a
ele em toda a sua esplêndida 
leveza. Mas será o peso de fato
deplorável, e esplêndida
a leveza?"


Esse romance trata de exílio e da perseguição na antiga Tchecoslováquia e foi escrito por um homem que conheceu bem as duas coisas. O romance pondera sobre a leveza, na qual nada tem sentido, e sobre o peso da filosofia do eterno retorno, de Nietzsche.

 O ano é 1968, em Praga. Tomas é um cirurgião que adota a leveza. Ele é obstinadamente livre de todo peso, evitando rótulos e ideais. Sabina é a personificação da leveza, uma artista que, assim como Tomas, acredita no individualismo irrestrito. Tereza é o peso. Fugida de uma vida provinciana, ela acredita no ideal romântico de Tomas. Seu amor é cego - não mau, apenas pesado. Ela também tem ideais políticos em ebulição, enquanto Tomas não tem ideal algum. Quando a vida dessas três pessoas se cruzam, a viabilidade da leveza é questionada. Para os ouros qual é a nossa responsabilidade sobre nós mesmos?

Quando os tanques soviéticos avançam para acabar com a Primavera de Praga, Tomas e Tereza fogem para a Suíça. Mas Tereza decide voltar, deixando Tomas com uma escolha por fazer. Ele aceita o peso e a acompanha, numa espécie de perseguição, sem querer se envolver com comunistas ou insurgentes. É insuportável que a escolha de cada um só possa ser feita uma vez, com um único resultado possível, e que jamais saibamos no que outras escolhas teriam resultado. Esse romance, nem tanto político, e mais sobre a primazia da liberdade individual, é um elogio amargurado do indivíduo; necessário e indispensável.




Lançado em 1982, este romance foi logo traduzido para mais de trinta línguas e editado em inúmeros países. Hoje, tantos anos depois de sua publicação, ele ocupa um lugar próprio na história das literaturas universais: é um livro em que o desenvolvimento dos enredos erótico-amoroso conjuga-se com extrema felicidade à descrição de um tempo histórico politicamente opressivo à reflexão sobre a existência humana como um enigma que resiste à decifração o que lhe dá um interesse sempre renovado.


Quatro personagens protagonizam essa história: Tereza e Tomas, Sabina e Franz. Por força de suas escolhas ou por interferência do acaso, cada um deles experimenta, à sua maneira, o peso insustentável que baliza a vida, esse permanente exercício de reconhecer a opressão e de tentar amenizá-la.


Milan Kundera








Milan Kundera nasceu em Brno, na República Tcheca, em 1929, e emigrou para a França em 1975, onde vive como cidadão francês.
Romancista e pensador de renome internacional, é autor, entre outras obras, de A identidade, A brincadeira, Risíveis amores, A ignorância, A cortina e O livro do riso e do esquecimento.

Nenhum comentário:

Postar um comentário